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Diamante de Sangue | Crítica

Diamante de sangue

04.01.2007, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H21

Diamante de Sangue
Blood Diamond
EUA, 2006, 138 min
Suspense/Drama

Direção: Edward Zwick
Roteiro: Charles Leavitt, C. Gaby Mitchell

Elenco: Leonardo DiCaprio, Djimon Hounsou, Jennifer Connelly, Kagiso Kuypers, Arnold Vosloo, Antony Coleman, Benu Mabhena, Anointing Lukola, David Harewood, Basil Wallace, Jimi Mistry, Michael Sheen, Marius Weyers, Stephen Collins, Ntare Mwine

Durante a entrevista com os produtores Paula Weinstein e Marshall Herskovitz (leia aqui), eu disse a eles que tinha achado Diamante de Sangue (Bloody Diamond, 2006) um filme de verão - cheio de explosões e correrias -, mas com um pano de fundo político. Eles não ficaram muito contentes com a minha teoria e começaram a se defender. Opa, calma lá! Não há mal algum em fazer um filmão pipoca, que tem como interesse principal divertir as pessoas. E o melhor é que o roteirista Charles Leavitt e o diretor Ed Zwick conseguiram chegar a um equilíbrio perfeito entre ficção e realidade, expondo atrocidades que aconteceram (e continuam acontecendo) no continente africano e ainda colocando na tela atores que ao mesmo tempo são bons e chamam o público para os cinemas.

Antes de falar do filme, uma contextualização histórica. Em 1996, Ahmad Tejan Kabbah foi eleito o primeiro presidente civil de Serra Leoa, depois de décadas de governos militares. Em maio do ano seguinte ele foi deposto por um grupo oposicionista de militares, que logo chamaram a força revolucionária RUF para ajudá-los a governar o país. Após 10 meses, tropas nigerianas retomaram o poder, reinstaurando a presidência de Kabbah. Porém, em janeiro de 1999, a RUF voltou a atacar a capital Freetown, contra-atacados pelos nigerianos. Em julho daquele ano, Kabbah negociou para ter o líder da RUF, Sankoh, como seu vice-presidente. A paz durou até abril de 2000, quando o exército da Nigéria saiu do país e a RUF voltou a atacar, usando até mesmo os capacetes azuis da ONU como reféns, o que levou à prisão de Sankoh e outros membros da RUF que faziam parte do governo e aumentou o caos. A situação só começou a melhorar em maio, quando forças britânicas chegaram país para estabelecer a ordem, o que só aconteceu em 2002, quando Kabbah declarou oficialmente o fim da guerra civil.

Para conseguir resistir tanto tempo, a RUF contrabandeava diamantes para pagar por armamento e drogas. Nesta época, a vizinha Libéria foi uma das maiores exportadoras de diamantes, sem ter minas. Para conseguir novos soldados, eles invadiam vilas, matavam pais e mães e levavam os filhos, que eram drogados e forçados a dar continuidade a este ciclo de barbáries. Assim, além de perder as vidas de milhares de civis e milhões em diamantes, o país tem hoje crianças que até pouco tempo faziam parte de um exército sem limites.

Misturando verdade e ficção

Ambientado em Serra Leoa (leste africano), o filme conta a história de um pescador, Solomon Vandy (Djimon Hounsou), que vê sua vila atacada por rebeldes. Ele consegue salvar sua esposa e filhas, mas vê seu filho sendo levado para se tornar um soldado. Forçado a ir trabalhar em uma mina de extração de diamantes, ele consegue achar uma enorme pedra. Enquanto tentava escondê-la, o exército local chega e leva todos para a cadeia. É lá que um traficante de diamantes, Danny Archer (Leonardo DiCaprio), fica sabendo da tal pedra e resolve ajudá-lo a salvar seu filho, desde que em troca ele fique com o raro mineral.

Entre as correrias, tiros e explosões que se seguem, eles se aliam a uma jornalista estadunidense (Jennifer Connelly), que também tem o seu objetivo: reunir o máximo de informações sobre os diamantes de conflito que são contrabandeados para os países ocidentais.

Com este pano de fundo sócio-político, Ed Zwick (O último samurai) constrói uma emocionante viagem de três seres humanos, seus objetivos e os meios que utilizam para alcançá-los. Além de correr e pular, DiCaprio e Hounsou têm ótimas atuações, que justificam os elogios que vêm recolhendo.

Espertos com o estrago que Super Size Me causou à indústria de fast foods e em especial ao McDonalds, as empresas que manufaturam e vendem diamantes se adiantaram à estréia do filme e vem exibindo os brilhantes certificados de que suas pedras não são diamantes de conflito. Investir na África e tentar melhorar as condições de vida no continente negro, ninguém quer, né?

Nota do Crítico
Ótimo