Quando um novo filme de Dragon Ball foi anunciado, a notícia seguinte foi um conforto para os fãs do anime: Akira Toriyama, o criador da franquia, supervisionaria o projeto. Por mais que não tenha influenciado diretamente na produção, os toques do artista estão por toda parte. Mais do que ação e lutas épicas, Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses é um regresso à comédia descompromissada e inocente do mangá original.
goku
wiss
Todos os personagens da fase Z estão lá, crescidos e com seus poderes estabelecidos. A fase GT, que tem pouco de Toriyama, é quase ignorada pelo filme - a história se passa após a fase Boo. Além de Goten, Trunks, Videl e Número 18, o filme traz figuras clássicas de Dragon Ball, como o imperador Pilaf, Shu e Mai.
A importância vital deste trio na história mostra quão ligado às origens é Batalha dos Deuses - as piadas infames relacionadas à idade e molecagem dos três beira ao nonsense. O mesmo pode-se dizer do papel central que tem Bulma, muito mais eficaz e sem noção do que nos episódios de Z.
O filme mostra o despertar de Bills, o Deus da Destruição, que acorda disposto a destruir o Saiyajin responsável pela morte de Freeza. Em seus sonhos, o vilão vislumbrou um Super Saiyajin Deus e então parte em busca desse mistério, desconhecido até mesmo pelos remanescentes da raça de Goku e Vegeta.
Apesar da sensação de grandiosidade do plot, a animação opta pela irreverência de seus personagens, a começar por Bills. Com um design de traços cômicos e vis, a divindade tem parte das melhores piadas do roteiro, ao lado de Wiss, seu companheiro. Por mais chula e vazia que pareça a motivação - e até mesmo os motivos que o levam ao desfecho - no cerne do 'gato roxo' está o poder ilimitado dos episódios Z e a infantilidade do anime original.
A falha de A Batalha dos Deuses está na destruição, nas lutas e na expectativa criada após tantos anos sem um combate digno da obra de Toriyama. A mistura de computação gráfica com os traços clássicos não decepciona, mas também não avança ou demonstra maior impacto - o embate não supera, por exemplo, o épico encontro entre Goku e Freeza. No quesito ação, este é um dos filmes mais fracos e incongruentes da saga, fato este fortalecido pelo título e trama propostos.
Até o terceiro ato, o filme é uma viagem aos anos 1980, às primeiras páginas do primórdio material de Toriyama, que como poucos uniu comédia, carisma e ação. Poucas coisas são mais Dragon Ball do que ver Goku brincar com a própria saudação, Bulma desdenhar de um deus ou Shen-Long ser intimidado. A dublagem fiel e a leveza com que aborda suas marcas registradas, faz a A Batalha dos Deuses se tornar um tributo aos fãs mais velhos, ávidos por uma nostalgia que se perdeu até mesmo em Dragon Ball Z.