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É Fada | Crítica

O teste da "marca" Kéfera fora da internet

06.10.2016, às 17H17.
Atualizada em 06.10.2016, ÀS 17H40

Youtubers são os ídolos da nova geração. Artistas de cinema e TV perderam espaço para os vloggers, que agora dominam o coração dos adolescentes. Mas e quando o papel se inverte e os mesmos influenciadores querem conquistar o 'grande público'?

Kéfera é um fenômeno das redes, com milhões de visualizações por mês e um devoto grupo de seguidores. Porém, desde seus primeiros vídeos, a garota sempre deixou claro que seu sonho era ser atriz. O resultado desse desejo está em 'É Fada', filme que chega às telonas recheado de figurões experientes nas comédias brasileiras, como o produtor Daniel Filho (de Se eu Fosse Você) e a diretora Cris D'Amato (de S.O.S. - Mulheres ao Mar).

Baseado no livro "Uma Fada Veio Me Visitar" de Thalita Rebouças - escritora que também foca seu trabalho no público teen - o enredo se baseia na fada Geraldine (Kéfera Buchmann), que perde suas asas ao aconselhar o técnico Felipão de forma errada no famoso 7x1. Para recuperá-las, ela deverá ajudar a jovem Julia (Klara Castanho) a se tornar popular e ter novas amizades com a mudança de colégio.

A sacada da seleção brasileira e os palavrões falados pela fada logo no início do filme chegam a dar uma leve empolgação nos mais velhos, mas para por aí. O desenvolvimento da história é um tanto quanto infantil, mesmo para os seguidores de Kéfera. As gírias jovens estão lá, as interações com as redes sociais do momento também. Temos até "easter eggs" para os mais fãs (a mãe e a cadela da youtuber aparecem). O roteiro atropelado, porém, desboca em soluções simples e inocentes demais para um longa que na teoria é focado no público adolescente.

Geraldine vive dentro de um tronco de árvore, na floresta, em um cenário que parece tirado de uma série dos anos 90 (lembra de Caça-Talentos da Globo?). A maquiagem e efeitos especiais beiram o tosco, com um "guardião" das fadas usando orelhas pontudas de cor diferente de sua pele e com a fada tirando a varinha e acessórios do bumbum... sim, do bumbum. Muitas cenas durante o longa não dialogam com o final, deixando claro que ou a edição cortou trechos importantes, ou a montagem não era uma prioridade.

Vale dizer que a escolha do elenco foi acertada, a pequena Klara Castanho forma uma ótima dupla com a atriz, que se dedica para não ser a "Kéfera" em cena, e sim a fada Geraldine. É um ponto positivo que diferencia o longa de "Contrato Vitalício", por exemplo, a primeira grande aposta da turma da internet para as telonas. Enquanto o Porta dos Fundos levou para os cinemas quase que uma grande esquete, com os seus atores interpretando papéis parecidos com os dos vídeos do grupo (e teve como resultado uma bilheteria muito abaixo do esperado), em "É Fada" temos uma história original, com personagens criados para o filme, não apenas a ampliação de um conteúdo já disponível gratuitamente.

Resta saber se o público acompanhará sua "ídola" nesta nova empreitada, atestando o poder de alcance da marca Kéfera, ou se continuará apenas no YouTube. É, literalmente, pagar pra ver.

Nota do Crítico
Regular