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Entre Idas e Vindas | Crítica

José Eduardo Belmonte faz um filme sobre as dificuldades da vida e nos faz refletir

21.07.2016, às 13H01.

O cinema nacional é permeado por comédias e filmes que parecem querer copiar alguns padrões americanos. Poucos conseguem se aventurar em estilos próprios, mas é muito bom quando o fazem. Esse é o caso de Entre Idas e Vindas, que, apesar do título batido, não tem nada de comédia romântica com viradas manjadas e onde tudo dá certo no final.

O longa conta a história das amigas Amanda (Ingrid Guimarães), Cillie (Caroline Abras), Krisse (Rosanne Mulholland) e Sandra (Alice Braga), que trabalham juntas como atendentes de telemarketing e tiram um descanso para a despedida de solteira de Sandra. Com um motorhome do tio, Amanda leva as garotas em uma viagem pelas estradas e praias do Brasil. Nesse caminho, elas encontram Afonso (Fábio Assunção), que ficou na estrada com o filho Benedito (João Assunção, filho do ator na vida real) depois que o carro deles quebrou. Mesmo um pouco receosas, as mulheres resolvem dar uma carona para o desconhecido e o garoto, rumo a São Paulo.

Pouco a pouco, os medos, traumas e receios dessas pessoas são expostos, conforme elas vão se conhecendo mais e trocando experiências: Sandra descobriu que o noivo a traiu, e agora ela não sabe se vai casar; Afonso está indo encontrar a mãe de Benedito, que os abandonou quando o garoto tinha apenas cinco anos; Amanda revela um grande trauma e um casamento desfeito anos atrás.

José Eduardo Belmonte (Alemão, Se Nada Mais Der Certo) tem a mão certa para balancear tanto os dramas de cada um quanto os momentos divertidos que uma viagem pode proporcionar. Nesse sentido, a interação entre Fábio Assunção e o filho João aparece de forma positiva, com o garoto zoando o pai a todo o momento e causando risadas que parecem naturais.

O clima de road movie também é bem apresentado, principalmente apostando em paisagens brasileiras, mas não somente na cenegrafia óbvia do litoral. Belmonte mostra também a simplicidade do brasileiro, o jeito de encarar a vida, muitas vezes de forma tranquila, que só o interior pode proporcionar. O diretor consegue tirar Assunção e Ingrid Guimarães de suas personas da TV, e ambos entregam atuações genuínas. Alice Braga também aparece bem: primeiro como uma mulher amargurada pela traição, depois como alguém capaz de ter sentimentos de compaixão enormes pelos que estão à sua volta.

No final das contas, Entre Idas e Vindas é um filme sobre conflitos e relações que provavelmente vai te fazer pensar em muitos momentos da sua vida, momentos de falhas, de acertos, e dá um sentimento bom no final, deixando o gosto de um filme good vibe que dá vontade de ver de novo ao lado da família.

Nota do Crítico
Bom