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Espelho, Espelho Meu | Crítica

Indiano Tarsem Singh dá sua visão para conto clássico ocidental

17.10.2014, às 14H48.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H34

Quase 200 anos depois do registro literário do conto sombrio, oriundo da tradição oral alemã, Branca de Neve nunca esteve tão na moda.

Espelho, Espelho Meu

Espelho, Espelho Meu

A história da princesa órfã, perseguida pela madrasta por sua beleza, está sendo adaptada de volta às telas de inúmeras formas - de um filme de kung-fu ao épico guerreiro com Kristen Stewart, passando por este Espelho, Espelho Meu (Mirror Mirror, 2012), de Tarsem Singh (Imortais).

Diferente das versões mais conhecidas da narrativa, no texto de Mellissa Wallack e Jason Keller, não é o Caçador que leva Branca de Neve (Lily Collins, filha de Phil Collins) à floresta sob ordens da Rainha Malvada (Julia Roberts), mas um divertido braço-direito (Nathan Lane) da regente mesquinha. Mas essa não é a única novidade na história em tempos em que mocinhas em perigo já não agradam às meninas: Branca vai parar no meio de um grupo de ladrões anões e se coloca como uma espécie de Robin Hood contra a tirania da madrasta...

O diretor indiano não economiza nos brocados e cenários extravagantes, sua maior marca como criador, e realiza aqui uma das produções mais bem-humoradas sobre o tema até hoje. A Branca de Neve de Singh é espevitada, sua madrasta é sarcástica e o Príncipe (Armie Hammer) é tão desastrado quanto garboso - é quase como se a trupe Os Trapalhões, em seus tempos áureos, tivesse orçamento hollywoodiano para trabalhar em um longa-metragem.

Inocente e infantilizada, a história é recheada de piadinhas previsíveis, que fazem jus à censura livre do filme. Singh encontra espaço até para um número musical tipicamente bollywoodiano, para fechar alegremente seu filme. Tudo muito inofensivo e ciente do seu próprio tom bobo, algo que todo o elenco - a começar pela Rainha Roberts - parece abraçar de bom grado.

O resultado, porém, é desprovido de senso de perigo (até o monstro que inventaram é fofinho), de carisma (Branca parece passear alegre pela sua própria história), de graça (nenhuma piada é realmente engraçada) ou relevância, já que mesmo as deturpações da história original soam tão velhas quanto o conto de dois séculos.

Nota do Crítico
Regular