Quase 200 anos depois do registro literário do conto sombrio, oriundo da tradição oral alemã, Branca de Neve nunca esteve tão na moda.
Espelho, Espelho Meu
Espelho, Espelho Meu
A história da princesa órfã, perseguida pela madrasta por sua beleza, está sendo adaptada de volta às telas de inúmeras formas - de um filme de kung-fu ao épico guerreiro com Kristen Stewart, passando por este Espelho, Espelho Meu (Mirror Mirror, 2012), de Tarsem Singh (Imortais).
Diferente das versões mais conhecidas da narrativa, no texto de Mellissa Wallack e Jason Keller, não é o Caçador que leva Branca de Neve (Lily Collins, filha de Phil Collins) à floresta sob ordens da Rainha Malvada (Julia Roberts), mas um divertido braço-direito (Nathan Lane) da regente mesquinha. Mas essa não é a única novidade na história em tempos em que mocinhas em perigo já não agradam às meninas: Branca vai parar no meio de um grupo de ladrões anões e se coloca como uma espécie de Robin Hood contra a tirania da madrasta...
O diretor indiano não economiza nos brocados e cenários extravagantes, sua maior marca como criador, e realiza aqui uma das produções mais bem-humoradas sobre o tema até hoje. A Branca de Neve de Singh é espevitada, sua madrasta é sarcástica e o Príncipe (Armie Hammer) é tão desastrado quanto garboso - é quase como se a trupe Os Trapalhões, em seus tempos áureos, tivesse orçamento hollywoodiano para trabalhar em um longa-metragem.
Inocente e infantilizada, a história é recheada de piadinhas previsíveis, que fazem jus à censura livre do filme. Singh encontra espaço até para um número musical tipicamente bollywoodiano, para fechar alegremente seu filme. Tudo muito inofensivo e ciente do seu próprio tom bobo, algo que todo o elenco - a começar pela Rainha Roberts - parece abraçar de bom grado.
O resultado, porém, é desprovido de senso de perigo (até o monstro que inventaram é fofinho), de carisma (Branca parece passear alegre pela sua própria história), de graça (nenhuma piada é realmente engraçada) ou relevância, já que mesmo as deturpações da história original soam tão velhas quanto o conto de dois séculos.
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