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Espíritos - A Morte Está ao seu Lado | Crítica

Espíritos - A morte está ao seu lado

23.03.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H19

Espíritos - A morte está ao seu lado
Shutter
Tailândia, 2004
Terror - 97 min.

Direção: Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom
Roteiro: Banjong Pisanthanakun, Sopon Sukdapisit e Parkpoom Wongpoom

Elenco: Ananda Everingham, Natthaweeranuch Thongmee, Achita Sikamana, Unnop Chanpaibool, Chachchaya Chalemphol, Panitan Mavichak, Sivagorn Muttamara, Kachormsak Naruepatr, Titikarn Tongprasearth, Achita Wuthinounsurasit, Saifon Nanthawanchal, Abhijati Meuk Jusakul

Desde que refilmaram O Chamado, em 2002, a porteira se abriu para fitas de terror vindas da Ásia. Uma constante nesses filmes sobre fantasmas, ou melhor, espíritos atormentados, é a recusa de seguir o tal caminho da luz. Levando-se em consideração a atual onda, deve ser bem melhor ficar por aqui atazanando os vivos.

Depois de ter visto vários filmes orientais tratando o mesmo o assunto, agora chega ao mercado tupiniquim Espíritos - A morte está ao seu lado (Shutter, 2004), a versão tailandesa desse estilo de produção. Na trama, o fotógrafo Tun e sua namorada Jane estão voltando de uma festa tarde da noite quando acidentalmente eles atropelam uma garota no meio da estrada. Tun convence Jane a fugir sem prestar socorro. A partir dessa tragédia, todas as fotos tiradas por Tun começam a apresentar uma mancha de luz branca ou faces. Ao mesmo tempo ele começa a ter pesadelos assustadores e sentir a presença de algum tipo de fantasma à sua volta. Eles resolvem, então, investigar o motivo dos acontecimentos e a identidade da garota atropelada, afinal, tudo leva a crer que ela é a razão para todos estes fenômenos assustadores.

A motivação do tal espírito é a mesma dos seus pares em O Chamado, O Grito e outras produções do gênero: vingança. Isso irá proporcionar o surgimento na tela de uma garota de cabelos pretos desgrenhados com um rosto morbidamente pálido e pronta para dar sustos no público. Os aparelhos eletrônicos são mais uma vez utilizados. Mas em vez de celulares, vídeos e TVs, a gasparzinha da vez prefere as fotografias.

A história é obviamente embasada nas populares fotos que mostram aparições fantasmagóricas em volta dos vivos - vultos que não estavam lá quando no momento do clique, claro! Essa famosa lenda urbana que virou uma coqueluche na internet ainda recebe credibilidade nos créditos finais. E a versão do DVD lançada na Tailândia tem uma seção bastidores que apresenta uma foto com um fantasma (!?!?) que foi registrada durante as filmagens. Picaretagem das boas.

O grande problema nem é esse, porque isso até poderia ter se tornado um argumento interessante. O que torra a paciência é ter de assistir pela centésima vez ao fantasma andando no teto, perseguindo nas escadas ou se esgueirando na direção de sua vítima, que fica petrificada de medo até o último instante. As cenas parecem xerocadas dos filmes já mencionados, chegando ao ponto de apresentar o fantasma emergindo de uma pia cheia de água (repararam como eles adoram se materializar na água?), em cena idêntica ao recente Água Negra.

E as semelhanças não param. A alma penada, sempre de uma mulher, também está à procura de amor, como já vimos fazer Samara (O Chamado) e Natasha (Água Negra). Literalmente usando a popular expressão tá amarrado, o encosto chega a pesar nos ombros de sua vítima. Tudo isso pontuado com uma trilha sonora estridente para facilitar o trabalho de assustar. O elenco não possui destaques, com exceção de Ananda Everingham, que interpreta Tun. Ele é a versão tailandesa do Orlando Bloom. Até no talento ambos são parecidos.

Para comandar o projeto foram escalados dois diretores: Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom. Pelo menos a dupla consegue tirar leite de pedra de um roteiro previsível, manjado e repleto de furos. Com criatividade, eles mantêm a tensão até o último fotograma, causando alguns sustos. Agora é aguardar qual será o próximo subproduto do gênero.

Nota do Crítico
Bom