A banda de rock cristão MercyMe foi formada em 1994 e se destacou com o sucesso da música “I Can Only Imagine”, composta por seu vocalista, Bart Millard. É com o objetivo de contar a história dessa música e de seu compositor que chega aos cinemas Eu Só Posso Imaginar, dirigido por Jon e Andrew Erwin. Porém, o filme perde a chance de ser naturalmente emocionante e cansa ao tentar forçar sentimentos no público em alguns momentos.
Logo no começo a produção deixa claro que quer mostrar como as experiências de Bart o levaram a escrever a letra. Esse ponto de vista é interessante e move o filme para uma espécie de “jornada pela mente de um artista”. Conhecemos o protagonista em sua infância e vemos como ele passou de um garoto sonhador (muito bem interpretado por Brody Rose) para um jovem traumatizado pela ausência da mãe e a violência do pai, papel de Dennis Quaid. A música e a fé são suas únicas válvulas de escape.
O que deixa Eu Só Posso Imaginar cansativo é quando ele pega esse contexto - já naturalmente comovente - e o aumenta, forçando o público a ficar emocionado e com lágrimas nos olhos o tempo. Isso é facilmente perceptível pelos planos longos escolhidos pelos diretores e pela música grandiosa e exagerada em várias cenas. Ao invés de dar força para a história, isso causa uma desconexão do público.
Outro ponto negativo é a falta de preocupação do filme com aqueles que nunca ouviram “I Can Only Imagine” e não vivem o dia a dia da música gospel. Quando a artista Amy Grant aparece, por exemplo, a câmera foca durante vários minutos em seu rosto, ressaltando o quanto sua presença ali é importante. Porém, para quem não sabe quem ela é ou sua importância na música cristã, a cena fica totalmente fora de contexto.
O grande ponto positivo do longa é realmente seu elenco principal. J. Michael Finley interpreta Bart desde sua adolescência até a vida adulta e transmite os traumas e medos do protagonista, em uma performance que mostra total comprometimento com o papel. Suas sequências com Dennis Quaid são as mais impactantes de toda a trama e os dois conseguem expressar em seus olhares todos os problemas e traumas daquela família. Nesses momentos específicos, o filme abaixa sua trilha sonora e deixa que a atuação dos protagonistas cause uma emoção natural e fluída, algo totalmente oposto ao exagero já citado antes.
Como um filme cristão, Eu Só Posso Imaginar teria ganhado muito mais se tivesse mostrado a religião de forma natural, deixando que o público reagisse ao acontecimentos e sentisse a crença aparecer de forma natural. Afinal, é assim que a experiência completa do cinema - e da fé - acontece.
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