Em Festa da Salsicha, Seth Rogen se liberta de qualquer amarra que oriunda de Hollywood. Desde o início da carreira, o comediante ficou famoso pelas piadas politicamente incorretas e constantes referências à clássicos da cultura pop dos anos 1980 e 1990. Agora, ele esquece qualquer limite e mescla essas duas coisas em um filme tão nonsense quanto necessário.
Festa da Salsicha é carregado de palavrões, cenas de sexo explícito e uma enxurrada de indiretas a ideias conservadoras. As piadas soam absurdas de propósito, chocam pela sinceridade com que falam sobre os problemas da sociedade atual - e ainda assim são mais corretas do que nunca. Tudo isso embalado nos alimentos que Rogen escolheu para protagonizar a história: pães, donuts, tacos, mostardas, cachaças, legumes e, claro, salsichas.
O roteiro gira em torno de um grupo de alimentos que vive nas gôndolas de um supermercado nos Estados Unidos. Todos sonham em sair daquele local para chegarem ao paraíso, onde os humanos os tratariam com amor e carinho. Aos poucos, eles descobrem que toda essa história foi inventada para esconder a grande verdade: eles são feitos para se comer. O filme desenvolve uma jornada de aventura, descoberta e amor entre o grupo protagonista - que ainda dá espaço para um vilão rodeado de clichês bem colocados e responsável pelas piadas mais pesadas do longa.
Todo o argumento é baseado na tolerância, a partir de uma série de situações absurdas. Entre os alimentos há o mesmo preconceito e conservadorismo que assola culturas no mundo atual. Os diretores Greg Tiernan e Conrad Vernon conseguem equilibrar bem essa mensagem com as inúmeras homenagens ao cinema de ação das últimas décadas - O Resgate do Soldado Ryan, RoboCop e O Exterminador do Futuro estão entre os escolhidos.
Nos filmes de Seth Rogen e Cia (Evan Goldberg é um constante companheiro de roteiro e está aqui novamente), a aparência de comédia besteirol, pautada por maconheiros e adolescentes fracassados sempre engana. Longas como Superbad, Vizinhos e agora Festa da Salsicha mostram que há muito mais do que simples piadas e diversão nestes projetos. Por trás da brincadeira e do absurdo há um discurso sincero de tolerância e diversidade que, às vezes, nem mesmo os ativistas mais ferrenhos conseguem transmitir.