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A Fuga | Crítica

Muito potencial, mas pouca duração no primeiro filme nos EUA do diretor de Os Falsários

14.03.2013, às 19H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H24

Dono do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008 por Os Falsários, o austríaco Stefan Ruzowitzky realizou no ano passado A Fuga (Deadfall, 2012), seu primeiro longa nos Estados Unidos.

A Fuga

A Fuga

O filme é uma grande fusão de fascínios do olhar estrangeiro pelos gêneros tipicamente estadunidenses. A trama de suspense policial - com direito a femme fatale, boxe e assalto - evoca um neo-noir. O cenário, a vastidão nevada da fronteira rural entre Estados Unidos e Canadá, sugere um faroeste (algo evidenciado por cenas abertas, com poucos cortes em uma perseguição, que são registradas com grande beleza).

Na trama, depois de um bem-sucedido assalto, um casal de irmãos (Eric Bana e Olivia Wilde) divide-se para confundir as autoridades. Eles perderam o carro de fuga em um acidente e foram forçados a matar um policial para escapar. Enquanto ambos seguem separados em direção à fronteira do Canadá, ela conhece um jovem ex-boxeador (Charlie Hunnam), ele também um foragido da justiça.

Com um excelente elenco nas mãos - que inclui Sissy Spacek, Kris Kristofferson, Treat Williams e Kate Mara - Ruzowitzky tinha talentos de sobra para explorar os diversos conflitos que inicia. E o filme não tarda a misturar doses de drama familiar à ação e gêneros citados acima. A Fuga carece, porém, de duração para explorar todas as suas possibilidades. Com apenas 95 minutos, há muito pouco tempo para criar novos laços e explicar os antigos, apoiando-se demais na sugestão do passado para funcionar.

Basicamente, quando começa a ficar realmente interessante, o filme corre para o desfecho, em uma climática cena de Dia de Ação de Graças distorcido. O feriado, a mais "família" de todas as celebrações dos Estados Unidos, é a analogia perfeita para a disfuncionalidade de todas as relações dos personagens. O sombrio clímax é quase um filme em si, mas dura muito, muito pouco, deixando tudo com um ar apressado.

Entende-se o subtexto, as pesadas questões paternas, mas tudo poderia ficar muito melhor com uns 20 minutos a mais. Potencialmente, A Fuga poderia ser um excelente filme, mas fica mesmo na intenção.

Nota do Crítico
Bom