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Horizonte Profundo: Desastre no Golfo | Crítica

Filme sobre tragédia real fica no meio termo entre registro histórico e blockbuster de ação

09.11.2016, às 16H03.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 17H04

Como vários filmes que contam tragédias da vida real, Horizonte Profundo: Desastre Profundo constrói a tensão muito antes de o problema realmente acontecer. Neste filme, que conta a história por trás do desastre ambiental causado pela explosão de uma plataforma de petróleo no Golfo do México em 2010, a pressão é basicamente literal, com pequenas bolhas de ar emergindo do fundo do oceano logo em suas primeiras cenas.

É na aflição que o filme vai construindo não apenas o momento da tragédia, que deixou 11 mortos, 16 feridos e espalhou petróleo por 1,5 mil quilömetros na costa dos EUA, mas também as relações entre seus personagens.

O longa retrata sem floreios as relações de trabalho dos integrantes da Deepwater Horizon - em especial, do protagonista Mike Williams (Mark Wahlberg) e seu chefe, Jimmy Harrell (Kurt Russell), em uma constante disputa com seus clientes da BP, cujos executivos supervisionam o trabalho, que está atrasado há meses.

O diretor Peter Berg, de Battleship - A Batalha dos Mares Hancock, não se furta de apontar os dedos para a organização BP, rapidamente culpada pela opinião pública nos dias subsequentes ao acidente (e que, posteriormente, concordou em indenizar o governo dos EUA pelo ocorrido). Personificada na figura do executivo Vidrine (John Malkovich), que pressiona os engenheiros da estação a finalizar o serviço a qualquer custo, a empresa é retratada não só como a grande culpada, mas também como a alegoria do capitalismo selvagem que ameaça a natureza.

Apesar da moral preto-no-branco, merece elogios a sobriedade com a qual o assunto é abordado, das brigas entre os engenheiros e os funcionários da BP ao momento em que se percebe o desastre. Tudo muda, entretanto, quando a pressão no fundo do oceano começa a destruir a plataforma.

Na hora do desastre, o filme torna-se outro e, embora existam lampejos de querer se retratar o lado de horror da tragédia nas feridas horrorosas dos sobreviventes e nos enquadramentos difusos e sujos das explosões, Deepwater Horizon pende para o típico lado dos blockbusters de destruição, com explosões a todo lado e ensaios de grandes cenas de ação (especialmente quando Wahlberg esta envolvido).

No meio termo entre o registro histórico e o filme típico de tragédia de Hollywood, Deepwater Horizon consegue contar, de forma justa, um dos maiores desastres ambientais da história dos Estados Unidos (e da humanidade). Seria melhor se o clima do filme todo fosse igual ao de sua primeira parte.

 

Nota do Crítico
Bom