Em Um Final de Semana em Hyde Park, Bill Murray vive Franklin Delano Roosevelt, o 32o. presidente dos Estados Unidos.
A trama relembra um curioso importante histórico, a visita do Rei George VI (Samuel West) e da Rainha Elizabeth (Olivia Colman) aos EUA em 1939. Os regentes britânicos foram ao país pedir apoio contra as forças nazistas na iminente Segunda Guerra Mundial. Paralelamente ao encontro político, conhecemos Margaret Suckley (Laura Linney), prima de quinto grau do presidente, chamada pela superprotetora mãe do líder para "tirar sua mente do trabalho por um instante".
Hyde Park on Hudson
Hyde Park on Hudson
Há, portanto, duas histórias correndo paralelamente em Hyde Park on Hudson. A visita dos ingleses é, de longe, a melhor delas. Bem-humorada e cheia de uma impensável ternura. Basicamente, se o Rei George VI tivesse conhecido FDR antes, O Discurso do Rei não existiria, tamanha a influência que o norte-americano (que, como o inglês, tinha uma deficiência física) teve na auto-estima do monarca. Esses segmentos e os momentos em que a Rainha Elizabeth, transtornada e assustada com os modos do outro lado do Atlântico, tenta entender significados e intenções, são excelentes.
Todo o desconforto visível dos britânicos culmina no grande vilão da história: o cachorro-quente. É anunciado que haverá um convescote tipicamente estadunidense e que a iguaria será servida. Imediatamente espalha-se o pânico entre os ingleses. O que significa servir "hot-dogs"? Como comê-los? Seria uma espécie de troça? Engraçadíssimo.
Mas aí o filme corta para as cenas de Margaret, a amante apaixonada. Ela acredita que está em um romance mágico... e a narração em off dá força a esses momentos, que, com a louvável exceção do primeiro encontro (com a masturbação mais romântica do ano no cinema), são absolutamente desinteressantes. Até a fotografia do filme é mais inspirada quando há o choque de culturas.
O diretor Roger Michell errou em dar evidência à história de amor (um tanto melancólica) quando tinha um material tão bom a ser explorado exclusivamente. Impossível entender a razão de alguém ter acreditado que a história da Monica Lewinsky dos anos 1940 seria mais impactante do que o encontro que ajudou a mudar os rumos da guerra.
Talvez o cineasta tenha ficado com receio de seu filme sair parecido demais com O Discurso do Rei (é o mesmo rei, afinal, e há alguém tão interessante quando o fonoaudiólogo do outro lado). Mesmo assim, continua absurdo esse desequilíbrio. Bill Murray (que está brilhante aqui, em controle absurdo de sua atuação) tem muito mais espaço para trabalhar com o embate político do que no açucarado romance. E não se tiram oportunidades de brilhar de Bill Murray.