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A Feiticeira | Crítica

<i>A Feiticeira</i>

29.09.2005, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H18

A Feiticeira
Bewitched
EUA, 2005 - 90 min
Comédia romântica

Direção: Nora Ephron
Roteiro:
Nora Ephron, baseado em estória de Delia Ephron e Adam McKay

Elenco: Nicole Kidman, Will Ferrell, Shirley MacLaine, Michael Caine, Jason Schwartzman, Kristin Chenoweth, Heather Burns, Jim Turner, Stephen Colbert, David Alan Grier, Michael Badalucco, Carole Shelley, Steve Carell

De repente, a idéia de adaptar a clássica série de TV para a telona nem parecia tão ruim. Quando na maioria das vezes tais adaptações costumam esbanjar na contratação de nomes famosos e escorregar no roteiro, A feiticeira (Bewitched, 2005) prometia trazer algo diferente para esse que já é quase um gênero específico no cinema.

Infelizmente, não foi dessa vez.

O filme até tem um roteiro esforçado. Ao invés de simplesmente fazer um episódio de duas horas do seriado na telona, ele mostra Jack Wyatt (Will Ferrell), um ator decadente cuja única possibilidade de retomada da carreira é participar da nova versão da saudosa telessérie de 1964. Com os papéis assinados, começa a busca pela nova feiticeira Samantha, que leva à contratação da desconhecida Isabel Bigelow (Nicole Kidman), dona de um nariz perfeito para os feitiços da personagem de TV. O que ninguém esperava (além do público, é claro) é que Isabel realmente é uma bruxa, tentando levar uma vida normal tal qual a personagem que interpreta.

Começa então um estranho caso da vida imitando a arte que parte de uma premissa interessante mas se perde em seus altos e baixos e acaba gravemente comprometido. A interpretação inspirada de Will Ferrell (Melinda e Melinda) - que tem as melhores cenas, quando trechos dos longas de seu personagem são mostrados - e a beleza estonteante de Nicole Kidman de pouco valem, já que não existe qualquer química entre o casal. Além disso, a atriz dona de um Oscar por As Horas está totalmente apagada, não chegando aos pés de Elizabeth Montgomery, a Samantha da série de 1964, em carisma.

Mesmo com o reforço de Michael Caine e Shirley MacLaine (sub-aproveitados em papéis confusos), o filme não consegue decolar. Até encaixaram o velho amigo de Ferrell, o novo astro Steve Carrell (O virgem de 40 anos), pra injetar algum ânimo no sofrível final, mas nem ele e seu ótimo humor habitual conseguem salvá-lo. Some-se a isso uma trilha sonora preguiçosa, com direito até à obvia escolha de "Everybody Hurts", do R.E.M., para uma cena dramática.

A feiticeira é um filme que flertou com a inteligência mas acabou optando pelo caminho mais fácil. Talvez as coisas tivessem sido diferentes se o filme fosse sobre a série de TV como o começo dá a entender, e Isabel não fosse uma bruxa de verdade. Infelizmente, o que se sucede depois do inspirado início são só as risadas gratuitas, clichês românticos (especialidade da diretora Nora Ephron, de Sintonia de amor e Mensagem pra você), homenagens desinteressantes ao próprio umbigo e um final feliz que ultrapassa as barreiras da obviedade. No final, apesar de seus méritos, os altos e baixos acabam cansando e, como sempre, pendendo para o lado ruim.

Fique com as reprises na TV de A feiticeira no canal RetroTV ou no recém-lançado DVD que você estará muito melhor.

Nota do Crítico
Regular