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Seria muito fácil simplesmente chegar aqui e falar mal de Amaldiçoados (Cursed, 2005), mais recente filme da dupla formada pelo diretor Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson. O problema é que estaria correndo o risco de receber uma série de e-mails de pessoas que vão gostar do longa. E quer saber? Não os culpo! Quem vai ao cinema assistir a uma fita de terror teen sabe muito bem onde está se metendo. Esta pessoa tem noção que enquanto acompanha um personagem caminhando vagarosamente em direção à porta, alguém (ou algo) vai subitamente aparecer por trás e, acompanhado por um barulho bem alto, fazer todo mundo pular na cadeira. Sim, ela está ciente de que será enganada e assustada sempre que puder... e gosta!
Em Amaldiçoados, Craven e Williamson - os principais responsáveis pela trilogia Pânico (1996, 1997 e 2000), que ressucitou a mania de filmes de terror - esquecem tudo o que fizeram recentemente pelo gênero e ficam só no arroz com feijão, se nivelando por baixo. A diferença em relação às histórias protagonizadas por David Arquette, Neve Campbell e Courteney Cox é que a idéia era justamente se divertir desmascarando os clichês do gênero e fazer tudo acontecer exatamente como mandaria o script.
Já o que se vê em Amaldiçoados são algumas boas "tiradas" e um interessante indício de crítica a Los Angeles e seu sistema de celebridades, mas tudo fica só na idéia. É impossível não dar risada com o suposto fim do monstro e algumas outras situações, mas elas não acrescentam nada à trama. No máximo, mostram que Williamson continua tão afiado com alguns problemas psicológicos adolescentes quanto nos seus dias de criador de Dawsons Creek.
Lobisomem teen em Los Angeles
Na história, os órfãos Ellie (Christina Ricci) e Jimmy (Jesse Eisenberg) estão voltando para casa quando batem em algo muito grande (e peludo), rodam na pista e atingem um carro que estava vindo na direção contrária, que rola barranco abaixo. Enquanto tentam ajudar a outra vítima do acidente, ouvem barulhos na mata. Após alguns minutos de tensão, finalmente conseguem soltar a menina, que é violentamente levada por algo que parecia ser um lobisomem. Tudo acontece muito rápido e o fato de não vermos nada torna a cena muito boa.
Os dois irmãos saem dali com algumas unhadas e dentadas profundas o suficiente para fazê-los ficar em casa nas noites de lua cheia. Enquanto o menino gosta da idéia e tira vantagem da força adquirida e dos hormônios que passa a exalar, a sua irmã acha tudo aquilo uma bobagem sem tamanho e só se preocupa com seu relacionamento com Jake (Joshua Jackson), que está passando por uma fase complicada.
A trama vai se desenvolvendo, pessoas vão morrendo e o lobisomem finalmente aparece. A computação gráfica utilizada no monstro é tão boa quanto a utilizada em Van Helsing (2004) - e isso não é um elogio. Quando finalmente chegamos ao clímax, o vilão - no melhor estilo Scooby-doo - se desmascara e conta o que realmente queria com tudo aquilo. Sentiu o drama, né?
Veja bem, o filme não é ruim, mas está longe de ser algo digno de nota. Os personagens são tão desinteressantes que é perigoso você nem se lembrar do nome deles quando as luzes se acenderem. Ah, só para você saber, o nome da única bonitinha em cena é Kristina Anapau, que interpreta Brooke. Se ao menos tivessem contratado mais beldades para ficar correndo de um lado para o outro enquanto são dilaceradas, mas nem nisso eles pensaram.