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Celular - Um Grito de Socorro | Crítica

<i>Celular - Um Grito de Socorro </i>

11.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 10H06

Celular - Um Grito de Socorro
Cellular

EUA, 2004
Drama/Ação - 94 min

Direção: David R. Ellis
Roteiro: Larry Cohen, Chris Morgan

Elenco:
Kim Basinger, Chris Evans, William H. Macy, Eric Christian Olsen, Jessica Biel, Jason Statham, Richard Burgi, Eddie Driscoll, Eric Etebari, Adam Taylor Gordon, Bryan Holly

Larry Cohen é um veterano de filmes B. Há 35 anos vem escrevendo roteiros de ação e terror acima da média. Ano passado ele escreveu Por um fio. O filme conquistou o respeito da crítica, além de ter feito considerável sucesso com o público. O projeto não tinha como dar errado: roteiro enxuto, direção competente de Joel Schumacher e protagonizado pelo ótimo Colin Farrell. A ação se passava numa cabine telefônica com tensão e requintes psicológicos. Como sempre, os estúdios resolveram apenas repetir a fórmula que já deu certo uma vez.

Celular - um grito de socorro (Cellular, 2004) também é uma história de Cohen. A diferença é que desta vez chamaram o mediano David R. Ellis para dirigir, convocaram o roteirista Chris Morgan para transformar o suspense em ação descerebrada e um ator sem o talento e carisma de Farrell. O resultado é uma diversão sem qualquer tipo de compromisso com a realidade.

A adrenalina começa a subir quando Ryan, um rapaz preguiçoso e marrento, recebe um telefonema casual de Jessica Martin, uma professora de biologia raptada. A mulher está presa no sótão de uma casa guardada por criminosos. Ela conseguiu fazer essa ligação usando um telefone que tinha sido espatifado pelos seus seqüestradores. Se a chamada cair, talvez nunca mais consiga se comunicar. Ryan escuta pelo telefone que os seqüestradores pretendem também capturar o filho de Jessica na escola. A partir daí começa uma correria louca em que nosso herói precisa enfrentar os bandidos, além dos problemas comuns de um celular: perda de sinal e bateria fraca. Sua única ajuda vem de um policial prestes a se aposentar.

O filme tem todos os elementos clichês possíveis em seu enredo. As situações são tão implausíveis que fica impossível acreditar no que está acontecendo. A única forma de tentar fazer o público engolir foi colocar ação ininterrupta do começo ao fim, sem espaço para respirar. E por este prisma o filme funciona. Ficamos tão aparvalhados com os acontecimentos que acabamos embarcando na história. Além da ação, o roteiro tem cenas de humor dantescas, como citações de outros filmes e personagens, que também ajudam a trama.

No elenco, temos Kim Bassinger no papel de Jessica Martin. Alguém consegue acreditar que Bassinger possa ser uma professora de biologia? Só nas escolas de Hollywood! Kim parece estar no caminho contrário ao da evolução. Depois de passar quase toda a sua carreira se limitando a embelezar as cenas e dar gritinhos, ela finalmente tinha conseguido respeito com Oscar que ganhou por Los Angeles- Cidade probida. Mas neste novo trabalho, lá estão mais uma vez sua beleza intacta e seus gritinhos sensuais. Esse retrocesso deve ser conseqüência da idade chegando.

E o público feminino não precisa ficar com ciúmes. Logo na sua primeira cena, Chris Evans, que interpreta Ryan, aparece sem camisa de forma completamente gratuita. Tem ainda Jason Statham no papel do chefe dos seqüestradores. Ele disfarça muito bem o sotaque inglês, mas precisa se libertar desse tipo de papel para provar que pode ser um ator. O único que compõe bem seu personagem é o ótimo William H. Macy - o policial que pretende se aposentar e abrir um spa. Toda vez que ele aparece, rouba a cena.

Acabada a sessão, os mais exigentes vão notar vários furos no roteiro. Ryan roda a cidade inteira tentando ajudar Jessica e ligação não cai. Ele rouba um carro escolar, um Porsche, se mete em acidentes de trânsito, saca uma arma numa loja de celulares, mas não consegue encontrar um policial na cidade de Los Angeles. Chega a ir a uma delegacia e não consegue ajuda, pois no mesmo momento um grupo de skinheads apronta uma improvável confusão dentro da DP. Os seqüestradores parecem os Três Patetas, tamanha incompetência em suas ações. Jessica Martin é um caso à parte. Consegue fazer um telefone espatifado funcionar sem que os seqüestradores percebam e ainda consegue aplicar a sua formação de professora de biologia para lutar com os bandidos. É de fazer inveja a MacGyver!

Nota do Crítico
Regular