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Sabe aquela máxima "quanto mais mexe, mais fede"? Infelizmente os produtores de Hollywood não acreditam nisso. Assim, independente da qualidade da obra, se fizer sucesso com o público, fatalmente irá gerar seqüências caça-níqueis. Hoje em dia tem mais um agravante: mesmo que o filme naufrague nas bilheterias, os estúdios ganham dinheiro com as TVs a cabo e o crescente mercado do DVD. Dirty Dancing - Noites em Havana (Dirty Dancing 2, 2004) é a mais nova prova desse pensamento. Sem dúvida, um sério candidato a pior filme do ano.
O enredo já está surrado de tanto que foi usado anteriormente. Katey Miller (Romola Garai) é obrigada a se mudar para Havana quando seu pai assume um cargo de executivo de uma grande empresa americana localizada na capital de Cuba. O que esperam de Katey, uma garota estudiosa e desajeitada, é que ela se junte ao sofisticado grupo de adolescentes norte-americanos que são vizinhos de sua família no exclusivo Hotel Oceana. Mas, em vez disso, a menina se sente atraída pelo orgulhoso e determinado Javier (Diego Luna), garçom e exímio dançarino.
A batida história da menina branca de classe média alta que se apaixona pelo rapaz pobre e latino ganha sua versão mais pueril na pele do casal. Os atores Diego Luna e Romola Garai conseguem ser piores que a maioria das modelos que tentam ingressar na carreira atriz. A dupla é sem expressão, sem carisma e sem talento. Luna parece um clone do sumido Ralph Macchio, protagonista da franquia Karate Kid. A qualquer momento parece que o ator mexicano vai incorporar o famoso golpe da gazela em seus passos de dança. Garai não fica muito atrás com sua atuação de caras e bocas de menina pura e virginal, mas que no fundo quer se rebelar e transformar-se em mulher. Por mais absurda que pareça, os realizadores insistem que essa transformação vai acontecer pela dança. Para facilitar, inventam até um concurso de dança.
A todo momento surgem furos no roteiro. Personagens aparecem e somem, sem qualquer tipo de função para a história. Certas passagens são constrangedoras e tratam o espectador como se fosse débil mental. Colocar a trama nos dias que antecederam a Revolução também é um equívoco e um desrespeito ao povo cubano. O interessante é que todos os participantes da competição são cubanos de classe baixa, mas parecem estar muito felizes com a situação do país. O povo está sempre dançando e se divertindo. A revolução parece uma obsessão de meia dúzia de pessoas. Soa tão falso que em certos momentos a história parece estar acontecendo na Miami nos anos 80. A dança, que supostamente deveria dar um clima erótico, aparece patética na tela. O diretor Guy Ferland não possui nenhuma intimidade com o meio e resolve todas as questões de forma banal e sem credibilidade.
Pior para Patrick Swayze. O ator aparece numa ponta, que segundo os produtores, é uma homenagem ao primeiro filme. O efeito, no entanto, é contrário. Apesar dessa nova produção acontecer em 1958 (o primeiro filme se passa em 1963), Swayze está com o rosto muito envelhecido e inchado de tanto botox. Causa tristeza ver o antigo galã descer ladeira abaixo. Era melhor se aposentar do que pagar esse mico.