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Entrando numa fria maior ainda (Meet the Fockers, 2004) retoma as situações de Entrando numa fria (Meet the parents, 2000) e, como seu antecessor, não traz qualquer novidade ao gênero ou sombra de inteligência. No entanto, volta a fazer rir.
É notório que a grande maioria das comédias norte-americanas virou um festival de clichês e estereótipos - e que comentar isso já virou um verdadeiro clichê das críticas - contudo, algumas vezes a repetição funciona, tanto no cinema quanto nas análises.
Assim, as piadas são as mesmas velhas conhecidas de sempre. "Seqüência no banheiro", confere. "Pais constrangedores", pode apostar. "Animais de estimação causando confusão", estão lá. "Escatologias e referências à masturbação", presentes.
Com todos os elementos do filme seguindo a cartilha do besteirol estadunidense, o filme seria apenas mais uma comédia passageira não fossem as presenças do ator Dustin Hoffman (dono de dois Oscar - Rain Man e Krames vs. Kramer - e de mais cinco indicações ao prêmio) e da cantora Barbra Streisand (Oscar de atriz coadjuvante por Funny girl, a garota genial, além de uma outra indicação) como Bernie e Roz Fornika. Vivendo os pais de Gaylord (Ben Stiller, dentro de seu padrão de atuação), o casal formado pelos conceituados artistas significará a ruína de toda a harmonia que o rapaz conseguiu construir em sua vida, incluindo aí o entendimento com Jack Byrne (Robert De Niro), o pai de sua noiva.
Com Hoffman e Streisand absolutamente à vontade em seus papéis - principalmente ele, que chega até ao cúmulo de tentar jogar capoeira - e sem qualquer receio de parecerem ridículos, sobra ao restante do elenco o fundo do palco. Claro que seus personagens também ajudam bastante, afinal, a vaporosa família Fornika é a antítese do que representam os chatos e puritanos Byrnes. A liberação sexual impera em sua excêntrica casa e suas demonstrações públicas de afeto começam a mexer com a opinião do ex-operativo da CIA, Jack, de que Gaylord pode, afinal, ser um bom marido para sua filha (Teri Polo). Assim, não tarda para que o noivo sofredor comece a retomar os erros descuidados do primeiro filme, ameaçando seu casamento, para seu total desespero.
Outro novo elemento que funciona no filme é o neto da família Byrne, o pequeno Jack (Spencer e Bradley Pickren), que viaja com a família para conhecer os Fornika. O bebê é tratado como um adulto pelo avô, que insiste em ensiná-lo a linguagem dos sinais, teorias científicas avançadas e apressar seu crescimento. A opção educacional não poderia soar mais estranha aos olhos dos Fornika, que acreditam que o carinho é a única forma de educação que uma criança necessita. Obviamente, o filme também explora tais diferenças à exaustão com resultados quase sempre divertidos.
Enfim, uma comédia boba sem qualquer pretensão a não ser divertir o público domingueiro, que consome besteiras do tipo da mesma forma que devora ruidosos mega-combos lubrificados com manteiga. Mas fique avisado: assistir a filmes do gênero em excesso destrói neurônios da mesma forma que os combos entopem coronárias. Mantenha esse hábito controlado e intercale tais produções com películas que realmente merecem a alcunha de "sétima arte".
Se você é leitor do Omelete, deve saber quais são. ;-)