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Mortadela e Salaminho La gran aventura de Mortadelo y Filemón Espanha, 2003 Comédia - 102 min.
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Direção: Javier Fesser Roteiro: Guillermo Fesser, Javier Fesser Elenco: Benito Pocino, Pepe Viyuela, Dominique Pinon, Paco Sagarzazu, Mariano Venancio, Janfri Topera, Berta Ojea, María Isbert, Emilio Gavira, Germán Montaner, Janusz Ziemniak, Paco Hidalgo, Javier Aller, Luis Ciges, José Manuel Moya
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Se você lia gibis nos anos 70 ou 80, certamente vai se recordar dos atrapalhados agentes secretos Mortadelo e Salaminho. Criados em 1958 pelo genial desenhista espanhol Francisco Ibáñez, os dois operativos da paupérrima organização de espionagem T.I.A. (Técnicos de Investigação Avançada), rapidamente tornaram-se as mais populares personagens de quadrinhos da Espanha. Aqui no Brasil, foram publicados em uma revista de longa duração da Rio Gráfica Editora e em diversos álbuns da extinta Editora Cedibra, hoje disputados a tapa pelos colecionadores. Mais recentemente, ensaiou-se revivê-los pela Editora Manole, mas a iniciativa não teve continuidade.
No ano passado, os agentes, que já estrelaram numerosos desenhos animados (exibidos no Brasil pela Fox Kids), ganharam seu primeiro filme com atores, Mortadelo e Salaminho - Agentes quase secretos (La gran aventura de Mortadelo y Filemón). A película do diretor Javier Fesser foi a mais cara e uma das mais bem sucedidas da história do cinema espanhol. Porém, terá sido eficiente a adaptação para as telas deste sucesso de mais de quarenta e cinco anos?
Felizmente, a resposta é sim! O filme reproduz de maneira impecável o clima das HQs de Ibáñez, com direito a suas figuras exóticas, a insanos e abundantes detalhes do fundo e até ao ar terceiromundista das suas aventuras. O humor da série sobreviveu intacto, preservando o sabor pastelão dos gibis. Quem prefere sofisticação pode até torcer o nariz, mas aposto que mesmo o espectador mais exigente vai cair na gargalhada.
Boa parte do mérito da produção cabe ao elenco. Os atores, escolhidos a dedo, guardam semelhança assombrosa com suas personagens! Destaque para Benito Pocino, que, embora não seja totalmente calvo, executa com perfeição a árdua tarefa de dar vida a Mortadelo e a seus inúmeros disfarces. Não ficam para trás, porém, seus colegas, Pepe Viyuela (Salaminho), Mariano Venâncio, (Super), Janfri Topera (o professor Bactério) e todos os demais.
As outras qualidades do filme são seu desenho de produção e os efeitos especiais. O primeiro reproduz detalhadamente a ambientação das HQs, enquanto os efeitos mostram o quanto a popularização das técnicas digitais beneficiou produções não-hollywoodianas. Alguns anos atrás, uma película destas custaria uma fortuna e só poderia ser realizada em grandes estúdios americanos.
A trama? O professor Bactério inventa uma arma revolucionária, o DDT (Desmoralizador De Tropas), que permite derrotar exércitos sem usar violência. O dispositivo é roubado da sede da TIA nas barbas de Mortadelo e Salaminho e levado para Tirania, país cujo ditador (Paco Sagarzazu, fazendo um Pinochet ainda melhor do que o original!) está de picuinha com a Rainha da Inglaterra (Emiliana Olmedo, perfeita), o que motiva o Super a chamar o superagente Fredy Mazas, o astro convidado Dominique Pinon, de Alien 4, Amélie Poulain e praticamente todos os outros filmes de Jean-Pierre Jeunet. No entanto, Mortadelo e Salaminho não aceitam ser passados para trás...
Vale mencionar que o filme está repleto de personagens menos conhecidas de Ibáñez, como a secretária Ofélia (Berta Ojea, de A espinha do Diabo), que só apareceu no Brasil no álbum da Manole, o baixinho míope Rompetechos (o ex-barítono Emilio Gavira) e até o edifício da Rua dos Bobos 13 (no original 13 Rue del Percebe), inédito por aqui e habitado por tipos estranhos. Desconhecer tantas referências assim, porém, não afeta a compreensão do roteiro.
Em todas as suas nuances, o filme é impagável. Poucas vezes, uma HQ teve divulgação tão bem feita. Uma editora nacional mais astuta (isso existe?) faria bem em aproveitar a oportunidade para relançar, no Brasil, Mortadelo e Salaminho, um gibi que já conta com uma centena de álbuns inéditos no Brasil.
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