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A atriz Penélope Cruz deveria filmar menos nos Estados Unidos. Tudo bem que o sonho de qualquer ator é atingir o estrelato em Hollywood, mas desde que começou sua carreira na terra do Tio Sam, ela vem atuando de forma medíocre. Os papéis que ela faz são sempre aquela coisa pasteurizada, feitos para atores de origem latina.
A sorte é que de vez em quando ela retorna à Europa e participa de produções interessantes. É o caso de Não se Mova (Non ti muovere, 2004), filme estrelado, roteirizado e dirigido por Sergio Castellito (Simplesmente Martha). Nele, Penélope causa comoção no papel de uma mulher consumida pela vida. É uma das melhores atuações do ano e nos faz lembrar suas ótimas interpretações nos filmes de Pedro Almodóvar, que a levaram ao estrelato internacional.
Não se Mova conta a história do médico Timoteo Rossi (Castellito). Ele é forçado a confrontar-se com seu passado quando Angela (Lina Bernardi), sua filha adolescente, fica entre a vida e a morte após um acidente de trânsito. Vendo a luta de sua filha, ele se recorda do caso que tivera com uma sofrida camareira de hotel chamada Itália (Cruz). Por causa desta moça, Timoteo pôs em risco seu casamento com Elsa (Claudia Gerini, de Sob o Sol de Toscana), que se fazia de desentendida e permitia que o marido levasse uma vida dupla. Foi assim até o momento em que Elsa engravidou e ele foi obrigado a tomar uma decisão.
O filme é baseado no livro homônimo, de Margaret Mazzantini - esposa na vida real de Castellito. Ele resolveu filmar essa obra devido à mensagem contida no romance. A grande maioria das pessoas procuram viver suas vidas afastadas de melodramas, tentando evitar que as coisas fujam da racionalidade. Mas existem aqueles que ficam indefesos quando envolvidos por uma paixão louca.
Infelizmente, o resultado final tem seus defeitos. Por exemplo, muitas vezes Castellito se deixa levar pela emoção e o filme acaba ficando um pouco fora de tom. Ele abusa dos recursos dramáticos e da trilha sonora. A cada cena de amor ou sofrimento, surge uma música italiana bem triste para reforçar o que já está bastante visível na telona.
A boa notícia é que todo o elenco está ótimo. Penélope Cruz mostra ao espectador a beleza na simplicidade. Castellito passa credibilidade tanto como o amante de imenso apetite sexual, quanto como homem preocupado e dedicado à esposa e à amante. E Claudia Gerini está um encanto como a mulher bem sucedida que escolhe ignorar seus problemas familiares.
Não se Mova é um filme para ser descoberto em suas pequenas particularidades. Mesmo abordando temas como gravidez, aborto, nascimento e morte, não cai no lugar comum. É justamente nestes opostos que reside sua magia. A cada mudança no roteiro o espectador é fisgado a acompanhar as escolhas dos personagens.