Filmes

Crítica

Intocáveis

Um blockbuster francês feito de contrastes e boas atuações

30.08.2012, às 19H37.
Atualizada em 12.01.2021, ÀS 15H55

Equilíbrio é uma condição que se cria sobre forças opostas. Intocáveis (Intouchables), que chega ao Brasil como o filme mais rentável na história da França (somando mais de US$ 360 milhões ao redor do mundo), se faz desta lógica. Dos seus inúmeros contrastes - riqueza/ pobreza, negro/ branco, clássico/ moderno, drama/ comédia, realidade/fantasia - surge a harmonia responsável pelo sucesso.

Intocaveis

Intocaveis

Baseado nas memórias do empresário Philippe Pozzo di Borgo sobre sua amizade com o argelino Abdel Yasmin Sellou, o filme une o rico aristocrata tetraplégico Philippe (François Cluzet) ao problemático imigrante senegalês contratado para o auxiliar, Driss (Omar Sy), criando um humor honesto sobre desigualdades (físicas e sociais). Nenhuma dessas questões, contudo, chega a ser abordada em profundidade no roteiro dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano. O que importa é a relação entre Philippe e Driss. Não há questionamento, apenas troca - do porte físico e do bom humor do enfermeiro, da cultura e do dinheiro do empresário.

A sintonia entre os protagonistas, também opostos, é o trunfo de Intocáveis. A experiência e sobriedade de Cluzet casam perfeitamente com o carisma de Sy, tornando belas cenas que poderiam ser mero pastelão em Hollywood - da forma desajeitada como Driss cuida do empresário, esquecendo constantemente da sua deficiência, à descoberta da maconha e de massagistas asiáticas por Philippe.

Por mais que tente se vender como um filme de mensagem - "Somos todos iguais", dizia um subtítulo em inglês -, Intocáveis não tem densidade para ser considerado um filme socialmente engajado. Não se preocupa em questionar as posses de Philippe, que o privam das dificuldades vividas por outros deficientes, ou as condições dos imigrantes na França. Sua importância, porém, vem justamente dessa despreocupação, criando não uma "comédia dramática", mas um bom filme sobre a vida, onde certas questões não se resolvem, mas podem coexistir.

Nota do Crítico
Ótimo