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Indicado para o Globo de Ouro, O herói da família é uma adaptação do romance homônimo de Charles Dickens.
O protagonista Nicholas Nickleby (Charlie Hunnam) é um jovem inglês da era vitoriana cujo pai morre subitamente, deixando a família à beira da falência. Desesperados, o rapaz, sua mãe e sua irmã viajam para Londres, contando com a ajuda do tio, Ralph (Christopher Plummer). Todavia, este rico financista revela-se um mau-caráter. Envia Nicholas para lecionar em uma "escola" que mais parece um campo de concentração e usa sua irmã como diversão para clientes ricos.
Na escola, Nicholas faz amizade com Smike (Jamie Bell, de Billy Elliot), que o acompanhará em seus esforços para melhorar as condições de sua família e virar o jogo.
A película tem seu quinhão de qualidades: excelente reconstituição de época, adequado equilíbrio entre drama e humor, bom roteiro (esperado, dado o gabarito do texto original) e elenco afiado, principalmente, o veterano Plummer, que rouba a cena. Todavia, quase todos os pontos altos são acompanhados de pequenos defeitos: não se transmite toda a miséria e crueza da era vitoriana que Dickens sempre retratava em seus livros, tem problemas de ritmo (sem dúvida, conseqüência da necessidade de comprimir um longo romance em poucas horas de celulóide), o ator principal é justamente o menos talentoso e, por fim, a história torna-se um dependente demais de coincidências para chegar a seu desfecho abrupto, fato que pode ser devido ao livro de Dickens, com o qual não sou familiarizado.
Isoladamente, nenhum dos defeitos pode ser considerado sério, mas juntos impedem o filme de se tornar uma obra-prima. Ainda assim, O herói da família tem mais substância do que um típico longa-metragem de entretenimento e merece ser visto, nem que seja pelo ótimo desempenho de Plummer.