Recordista de público nos Estados Unidos, Inglaterra e Austrália. Considerado o Melhor Roteiro Original de 2002 pelo Sindicado dos Roteiristas da América. Ganhador do Prêmio Especial de Cannes. Vencedor do Oscar. Sabe de quem estamos falando? Não, não é nenhum destes mega-milionários blockbusters americanos. É o documentário Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002), de Michael Moore.
O diretor/roteirista/protagonista começa seu filme indo ao North Country Bank abrir uma conta. Nossa, que coisa chata, você deve estar pensando. Porém, o que se vê na tela é algo assustador. Não estamos falando das absurdas taxas administrativas que o banco cobra, mas sim do simples fato de que ao se tornar correntista de tal instituição financeira, ele ganha um rifle! Este é o ponto de partida para tentar explicar a cultura belicista norte-americana, que mata mais de 11 mil pessoas por ano.
O título original (Bowling for Columbine) é uma referência ao massacre em que dois adolescentes (Dylan e Eric) mataram 14 estudantes e um professor na Columbine High School, em 1999. Os dois deveriam estar na aula de boliche durante o horário em que decidiram invadir o refeitório da escola e apertar os gatilhos de suas armas.
Moore começa então sua pesquisa. Afinal, a culpa é de quem? Alguns acusam músicos como Marilyn Manson. Então, Moore vai bater um papo Manson, que mostra que ele não tem nada a ver com a história. Seriam então os filmes? A televisão? Os videogames? O medo? A cada resposta, outras interrogações vão surgindo.
No meio da batalha, uma importante vitória
Moore encontra dois sobreviventes de Columbine. Um deles, paralisado numa cadeira de rodas. As balas usadas na escola foram compradas numa loja da Walmart. Os três vão, então, à sede da empresa devolver o produto e pedir que a rede de mercados (a maior do mundo) pare de vender munição. Sozinhos, eles não conseguem muita coisa. Mas a partir do momento que redes de TV começam a aparecer e mostrar a luta dos rapazes, eles conseguem a promessa de retirar todo e qualquer tipo de munição de suas lojas (armas de fogo não são vendidos desde 1993).
Outros pontos altos do documentário são as participações de Matt Stone e Charlton Heston. Stone é conhecido por ter criado o desenho animado South Park e dá uma mão fazendo uma animação que conta a história americana e a sua ligação com as armas de fogo. Heston é um famoso ator americano e vice-presidente da NRA (National Riffle Asociation). Moore vai à casa do Ben-Hur (seu personagem mais famoso, ao lado de George Taylor, em O planeta dos macacos, de 1968) e no meio da entrevista começa a indagar a posição do ator com relação às mortes por armas de fogo, em especial ao assassinato de uma menina de seis anos por um colega da mesma idade. Claro que Heston não fica muito feliz e encerra a entrevista.
Ok, Moore exagera no drama na hora em que deixa a mansão em Beverly Hills e manipula alguns dados para provar seu ponto de vista, mas isso não diminui tudo o que ele consegue mostrar no filme. Tá aí o ilustríssimo Sr. George W. Bush mostrando ao mundo que massacres como o de Columbine estão longe de um fim.