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Crítica

Jogos Vorazes - Em Chamas | Crítica

Novo capítulo da série prepara franquia para clímax épico

17.10.2014, às 14H23.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Em Jogos Vorazes - Em Chamas (The Hunger Games - Catching Fire) , segundo capítulo da quadrilogia Jogos Vorazes (a adaptação do terceiro livro será dividida em dois filmes), Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) lida com as consequências do que foi forçada a fazer pelo governo no primeiro longa.

Jogos Vorazes - Em Chamas

Essas consequências são justamente o que movem a trama, tanto para a personagem como para a nação sob um estado totalitário controlado pela luxuriante e poderosa Capital. Ao mesmo tempo em que Katniss e Peeta Mellark (Josh Hutcherson), os vitoriosos tributos dos 74º Jogos Vorazes, descobrem durante uma turnê pelos 12 distritos de Panem que sua união e a rebeldia dela despertaram um sentimento dormente há décadas no povo, percebem também que o terror ainda está longe de acabar. Afinal, além de ser agora parte do sistema que ela despreza, a heroína tornou-se também um símbolo de esperança e, ciente disso, o presidente Snow (Donald Sutherland) não poupará esforços para derrubá-la.

As consequências trazem responsabilidades - e a temática do futuro distópico, em que cada cidadão entrega-se à luta diária da sobrevivência, ganha contornos mais épicos enquanto o governo cerceia a liberdade de expressão com pulso firme, despachando batedores às ruas para controlar manifestações e manter-se no poder.

Como únicos deméritos da produção estão os novos Jogos Vorazes - quase uma repetição, ainda que necessária, do primeiro - e a ausência de um início ou fim, já que se trata de um capítulo intermediário. Para que o filme seja compreendido, é necessário um comprometimento do espectador à la O Império Contra-Ataca ou O Senhor dos Anéis: As Duas Torres.

De qualquer forma, Jennifer Lawrence segue dominando a tela como a confusa protagonista, que procura seu lugar no mundo enquanto ele desmorona ao seu redor (as frequentes visitas solitárias ao único lugar que ela controla, a floresta além da fronteira, são simbólicas disso). Jogos Vorazes - Em Chamas é excelente em sugerir o que está acontecendo enquanto a própria protagonista tenta entender a cadeia de eventos que colocou inadvertidamente em movimento. A atriz tem companhia de peso, ao ter mais tempo ao lado de Sutherland, Woody Harrelson (que retorna como Haymitch Abernathy) e Philip Seymour Hoffman, excelente adição ao elenco. O ator oscarizado interpreta o diretor geral dos Jogos Vorazes, um personagem cheio de dualidade que encontra em Hoffman seu intérprete perfeito.

Com o sucesso do primeiro filme, o orçamento da série dobrou - e os 140 milhões de dólares que Jogos Vorazes - Em Chamas custou são bastante perceptíveis em tela. A sequência, agora dirigida por Francis Lawrence (Água para Elefantes), enche os olhos e é mais elaborada em todos os sentidos, mas não é a pirotecnia o que chama a atenção.

O subtexto do universo criado por Suzanne Collins fica ainda mais óbvio no filme, mas lamentavelmente ainda deve passar metros acima das cabeças de grande parte do público, que está ali, ironicamente, apenas pelo espetáculo que ele representa. Apesar de tratar de abuso de poder, de direitos e deveres do estado, de sacrifícios pessoais, "pãe e circo" e o papel do cidadão, lê-se por aí comentários do tipo "como seria legal viver em Panem", prova do estado da capacidade de raciocínio crítico de uma fração desta geração. Pelo que representa, Jogos Vorazes - Em Chamas merece uma análise de seus fãs que vá além das curvas dos belos jovens selecionados para o abatedouro midiático.

Nota do Crítico
Ótimo