A Geração Beat nunca esteve tão na moda no cinema. Depois de On The Road e de outros projetos sobre o tema (alguns ainda em desenvolvimento), chega Versos de um Crime(Kill Your Darlings), com Daniel Radcliffe no papel do poeta Allen Ginsberg.
O Harry Potter continua em sua jornada própria de amadurecimento e distanciamento do papel que o tornou mundialmente famoso. Para tanto, segue bem assessorado. O ator tem realizado papéis tão distintos quando desafiadores - e aos poucos deixa para trás a fachada do Menino Bruxo. Versos de um Crime é uma das suas melhores atuações até aqui, talvez a melhor, já que exige enorme desapego (Ginsberg era gay e há cenas de sexo e nudez) e uma gama de habilidades que ele não havia demonstrado em sua fase blockbuster.
Kill Your Darlings
Kill Your Darlings
Afinal, não dá pra atuar pouco com gente do calibre de Michael C. Hall, Ben Foster e a sensação recente Dane DeHaan, todos ótimos em seus papéis.
Diferente dos demais projetos sobre os beatnicks, porém, este se concentra em um momento particularmente pouco romântico. Na trama, acompanhamos Ginsberg entrando na faculdade em 1943 e conhecendo na efervescente Nova York da época seus futuros companheiros de jornada, Lucien, Burroughs, Kerouac... todos alheios à guerra em curso e desejando viver intensamente em meio aos caos que assola o planeta.
A aura poética revolucionária de outros filmes está presente, mas não tarda a ser substituída por um tom policial, já que os integrantes do movimento Beat - na época autoproclamado "A Nova Visão" - envolveram-se em um assassinato.
Atuação alguma, porém, salva a direção primária do diretor estreante em longas John Krokidas. O filme tem problemas sérios de foco. Inicialmente achei que fosse intenção, já que ele usa muito o foco para evidenciar elementos sem mover a câmera, mas cenas diversas paradas desfocadas depois, obviamente não era o caso.
Além da câmera, a inexperiência do cineasta - que também roteirizou o filme - também é notada na inconsistência da narrativa e na direção. Krokidas usa mal a música, alternando trilhas de época e tons mais modernos, com resultado regular. A edição é igualmente problemática e chega a ser vergonhosa, como na sequência que ocorre o assassinato e Allen faz sexo pela primeira vez, alternando estocadas de faca e pênis.
Ainda que seja um bom diretor de atores, Krokidas ainda precisa, literalmente ou não, de foco.
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