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Crítica

Loucas Pra Casar | Crítica

Filme tenta ir além da fórmula da comédia sobre rivalidade feminina

07.01.2015, às 17H52.
Atualizada em 10.01.2015, ÀS 18H51

O título, o trailer, a sinopse e o cartaz de Loucas Pra Casar sugerem um tema antiquado que deprecia os outros objetivos de vida das mulheres. Malu (Ingrid Guimarães), Lúcia (Suzana Pires) e Maria (Tatá Werneck) descobrem que namoram o mesmo cara há anos. Samuel (Márcio Garcia) é quase um príncipe encantado 2.0: empresário bem sucedido, com carrão, corpo atlético, galanteador. As três se confrontam em uma saga interminável de discussões e vinganças - tema recorrente no cinema hollywoodiano em filmes variados como As Bruxas de Eastwick, Todas Contra John e orecente Mulheres ao Ataque.

Loucas-Pra-Casar

O diretor Roberto Santucci (De Pernas Pro Ar, Até que a Sorte nos Separe), porém, tenta em suas comédias românticas, sobre amor, trabalho e realização, enxergar além do "felizes para sempre". De Pernas Pro Ar contava a história de uma workaholic que vê sua família desmoronar por seu excesso de trabalho. Até que a Sorte nos Separe, por sua vez, começa depois do final feliz, mostrando o lado do casamento em que o marido fica gordo e o romance vira rotina. E ver que Loucas Pra Casar tem como protagonistas Ingrid Guimarães, Fabiana Karla e Tatá Werneck - atrizes e comediantes que não pertencem à escola das deslumbradas, necessariamente - sugere que o filme pode subverter a lógica machista das bridezillas.

A desconstrução aparece logo na primeira cena. Começando pelo fim, o casamento falha. A noiva é Malu, que sai da igreja desabafando sobre seu erro ao tentar mudar a si mesma para ser a mulher perfeita e casar com aquele homem. A partir daí, o filme transcorre em um longo flashback para mostrar a competição das três mulheres para ver quem chega primeiro ao altar. Pela sugestão da primeira cena, fica a impressão de que Loucas Pra Casar atingirá algum tipo de insight sobre a rivalidade feminina, entre uma e outra confusão e tirada cômica.

Mas não é o melhor papel de Ingrid Guimarães. Na verdade, Malu se parece com uma versão mais chata de Alice, de De Pernas pro Ar. Já Tata Werneck, Fabiana Karla e Suzana Pires interpretam estereótipos mais divertidos e arrancam boas risadas. As discussões do longa são engraçadas a princípio, mas se prolongam demais. A trama roda em falso e a competitividade entre as três parece não levar a lugar algum. Resta apenas torcer para a epifania inicial de Malu chegar logo.

O momento que amarra as pontas chega arrastado, atrasado e com pressa. A explicação termina meio mastigada, para alcançar os fatos a tempo do desfecho. Apesar de Malu abandonar o altar, os românticos incorrigíveis não vão ficar decepcionados, afinal, Santucci não costuma deixa seu público sem um final feliz e fofo.

O argumento do longa chega a ser razoável quando se sabe a que ele leva no fim das contas. No entanto a execução desperdiça boa parte do potencial da premissa. Se aquelas mulheres correram pra garantir seu casamento, parece que o diretor não só não acompanhou o ritmo como também pode ter, desde o começo, queimado a largada.

Loucas pra Casar | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular