Em tempos de overdose de filmes pós-apocalípticos, Man Down destaca-se pela forma como aborda o futuro ao mesmo tempo em que explora as origens do problema.
No drama de guerra, um pai desesperado parte em busca de seu filho e esposa, avançando armado e perigoso por uma cidade dos Estados Unidos, devastada e vazia depois de um confronto em larga escala.
O controverso, mas competente, Shia LaBeouf (Transformers) interpreta o pai, um altamente treinado fuzileiro naval americano. Ao seu lado está o parceiro de combate, Devin (Jai Courtney). Enquanto eles investigam uma cidade em ruínas atrás de pistas, o longa revela o tempo quando ambos eram apenas soldados em treinamento prestes a embarcar para o Afeganistão e seu cotidiano. Em outro momento, acompanhamos o homem na sala de um oficial (Gary Oldman), sendo interrogado sobre acontecimentos determinantes de uma ação no Oriente Médio.
O diretor Dito Montiel costura esses três períodos com ritmo inicialmente moroso. Ele aproveita seu tempo na construção dos personagens e suas relações, indo cada vez mais fundo na mente do protagonista. Aos poucos, embalado pela trilha sempre ameaçadora de Clint Mansell - colaborador frequente de Darren Aronofsky -, o filme ganha dramaticidade e suspense e o mapa de Montiel toma forma... Revelando uma realidade dura e com uma visão absolutamente crítica dos EUA.
A pedrada ao final - que parece ter sido até um pouco amainado para não chocar tanto o público - é de uma ironia digna de Rambo: Programado Para Matar. Apesar do filme não dividir qualquer semelhança em tom ou premissa com Man Down, ele também discutiu a política bélica estadunidense de maneira alegórica e inteligente. Dirigido com excelência por Montiel, LaBeouf é o Rambo que o momento merece.
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