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Crítica

Manchester By The Sea | Crítica

Solidão e perda são destaques no novo filme de Kenneth Lonergan

08.09.2016, às 13H10.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

O início como roteirista, de filmes como Mafia no Divã e Gangues de Nova York, poderia ser um indício do que esperar do novo filme do nova-iorquino Kenneth Lonergan. Mas Manchester by the Sea é mais centrado no silêncio e no que não é dito do que efetivamente nos diálogos e momentos de impacto.

Há cinco anos sem dirigir, Lonergan realiza aqui um longa sobre perda, que apresenta aos poucos o passado. A maneira como ele o monta, sem excessos ou qualquer afetação, joga aos poucos alguma luz nas relações difíceis e existência solitária que acompanhamos do protagonista, Lee Chandler.

Casey Affleck vive o personagem, um zelador em seu cotidiano monótono e depressivo. Um dia, recebe a notícia do falecimento de seu irmão (Kyle Chandler) e se vê forçado a retornar à cidade que deixou para trás - como uma fuga de sua própria existência - a pequena e litorânea Manchester.

Affleck mal abre a boca no filme, a não ser para deixar explodir algum impropério. Em atuação internalizada, ele carrega no olhar e nos ombros o passado de Lee. Esse trabalho inspirado, o melhor de sua carreira, fica ainda melhor quando o homem precisa lidar com o sobrinho, Patrick (Lucas Hedges), garoto atleta, cheio de namoradas e planos. A relação e diálogos entre os dois aproveita todas as sutilezas do texto do diretor e roteirista, encontrando até espaço para um humor desajustado.

Michelle Williams, que vive a ex-esposa de Lee, também tem aqui outra oportunidade para mostrar seu alcance como atriz. Mal aparece, mas suas poucas cenas são fortíssimas, mais um testamento à qualidade do roteiro. Lonergan consegue também manter um só tom do início ao fim, sem qualquer apego às regras correntes de arcos narrativos ou jornadas de personagens, ancorado nos detalhes mais ordinários das vidas das pessoas que criou. Detalhes esses fundamentais para o mergulho no passado dos Chandlers de Manchester by the Sea.

Nota do Crítico
Ótimo