Filmes

Crítica

Manglehorn | Crítica

Al Pacino retorna à velha forma em drama cheio de simbolismos

17.10.2014, às 17H24.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Depois de investir alguns anos em comédias e na televisão, David Gordon Green retorna em Manglehorn, a exemplo do recente Joe, aos dramas que o consagraram em festivais.

Ainda que não demonstre a tensão de um Contracorrente, por exemplo, o novo filme tem bons momentos. Com a câmera o tempo todo perseguindo o personagem-título, vivido por Al Pacino, Green fala de solidão, arrependimento, raiva e falta de fé.

A opção de centrar em Pacino é certeira. O veterano faz aqui seu melhor trabalho em anos, como o rancoroso e socialmente desinteressado Angelo Manglehorn. O roteiro o favorece e dá pistas sobre quem foi esse homem e por que ele ficou assim. Aos poucos, entendemos seu amargor.

Para ilustrar o confuso interior do personagem, Green emprega uma série de recursos de montagem, como fusões de imagens. Basicamente, vemos duas cenas ao mesmo tempo, sendo que uma é sempre uma espécie de monólogo interior de Pacino. Em outros momentos, ele alterna cenas extremamente gráficas da cirurgia de um gato com um diálogo ou encadeia uma surrealista cantoria no banco onde trabalha a caixa que é a única amiga de Manglehorn, vivida com dignidade por Holly Hunter.

Misturando a tudo isso alguns simbolismos interessantes - o homem é um chaveiro que não consegue libertar-se de seus próprios grilhões; um mímico surge em algumas ocasiões, com seu simulacro de existência e melancias destruídas sugerem sangue em um acidente - o diretor realiza um filme interessante, que, em última instância, consegue ser otimista e libertador. A realidade sempre se esconde atrás do que nos foi sugerido, afinal.

Manglehorn | Assista a um clipe do filme

Leia mais críticas do Festival de Toronto 2014

 

Nota do Crítico
Bom