O último filme de Maze Runner chega para completar mais uma saga adolescente nos cinemas. Com o sucesso de Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes, Hollywood tenta há tempos construir uma nova base de jovens fãs em adaptações de aventuras distópicas, mas várias investidas deram errado, a exemplo de Divergente e Ender's Game. A Cura Mortal vem para concluir dignamente a franquia para os fãs dos livros, mas talvez peque com os entusiastas da história apenas nas telonas.
O filme começa exatamente onde o segundo, A Prova de Fogo, terminou. O roteiro não faz muita questão de localizar o espectador na trama e os mais esquecidos devem ter dificuldade para relembrar alguns fatos. Isso também se agrava com a estreia atrasada em mais de um ano, devido a um grave acidente que o protagonista Dylan O' Brien sofreu durante as gravações do longa.
Logo na primeira sequência, vemos o que nos aguarda durante todo o filme: muita ação. Nos minutos iniciais, temos uma perseguição de carros, trens e naves que tiram o fôlego e colocam os atores (e dublês) no meio de toda a operação. O diretor Wes Ball, que começou sua carreira na supervisão de efeitos visuais, tem um olhar especial tanto para efeitos práticos, quanto para CGI, encontrando um meio termo satisfatório e trazendo o melhor dos dois mundos.
Em alguns momentos, a produção evoca uma mistura de "Mad Max com Resident Evil para teens" e trabalha muito bem a luz e a escuridão em volta do clima de guerra que estão vivendo. O grupo rebelde liderado por Thomas (Dylan O' Brien) está tentando recuperar seu amigo Minho da base do CRUEL, instituição que quer encontrar a cura do Fulgor, doença que dizimou quase toda a população mundial, através de testes que envolvem torturar adolescentes imunes. Teresa (Kaya Scodelario), que traiu o grupo no segundo longa, agora trabalha com a organização para tentar encontrar a cura para a humanidade, e é de longe um dos papéis mais interessantes e complexos da história.
Enquanto Thomas é um líder que segue muito seus interesses, com um comportamento desobediente e levemente cansativo, Teresa mostra a dualidade de uma pessoa que mesmo entendendo o mal que está causando, prefere sacrificar tudo por um bem maior. Porém, tanto O'Brien, quanto Scodelario imprimem um carisma na atuação que não afastam o espectador diante das decisões duvidosas de seus personagens.
Por ser o encerramento da franquia, é difícil dar profundidade a todos os coadjuvantes que a permeiam, mas a atriz Rosa Salazar, a rebelde Brenda e futura protagonista de Alita - Anjo de Combate, se destaca entre tantos, mostrando a força da personagem através de uma interpretação sólida e coerente.
A trama se desenrola nesta guerra entre o CRUEL e o grupo rebelde e, se os dois primeiros terços do filme fluem de uma maneira orgânica, a conclusão peca ao alongar a narrativa e incluir um número enorme de deus ex-machina - as soluções inesperadas que surgem para salvar os protagonistas. Grande parte delas são causadas por conta do vilão fraco vivido por Aidan Gillen (o Mindinho de Game of Thrones), que não convence com o discurso de escolher entre quem deve ou não receber a cura e beira ao clichê em muitas partes. O exagero de plot twists acaba cansando quem não conhece a história através das publicações do autor James Dashner.
De fato, distopias são obras feitas para gerar discussão e nos fazer pensar no mundo em que vivemos hoje. A Cura Mortal, por sua vez, escolheu focar mais na ação - muito bem executada - do que na reflexão, e perdeu uma grande chance de encerrar a história com mais profundidade e relevância para o espectador comum.
No fim, o resultado é satisfatório para uma franquia que, mesmo com um orçamento enxuto para filmes deste gênero (para comparação, o primeiro filme custou apenas 34 milhões de dólares), arrecadou milhões ao redor do mundo. A história dos clareanos pode não ter sido um sucesso estrondoso como Jogos Vorazes, mas com certeza marcou seu lugar entre as sagas adolescentes da cultura pop.
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Crítica
Maze Runner - A Cura Mortal | Crítica
Conclusão da saga chega como um "Mad Max com Resident Evil para Teens", mas peca ao deixar de lado quem não leu os livros
26.01.2018, às 12H22.
Atualizada em 01.02.2018, ÀS 13H01
Nota do Crítico
Bom