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Com mais de um ano de atraso, Menina má.com (Hard Candy, 2005) chega aos cinemas brasileiros. Rodado em apenas 18 dias, o filme foi inspirado em situações verídicas ocorridas no Japão, onde garotas adolescentes preparam emboscadas para homens que procuram encontros com menores de idade pela Internet.
O título em português pode trazer uma expectativa errada em relação ao filme. Não se trata de personagens bons ou malvados; visto que a história fala de uma menina psicótica e um suposto pedófilo. Já o cartaz de divulgação faz uma brincadeira com a Chapeuzinho Vermelho servindo de armadilha para o Lobo Mau. A mocinha em questão é Hayley (Ellen Page), de 14 anos, e o suposto vilão é Jeff (Patrick Wilson), um fotógrafo trintão. Ao se conhecerem numa sala de bate-papo online, eles decidem marcar um encontro numa cafeteria, logo estendido para a casa de Jeff.
Começa então um sádico (e um tanto improvável) plano de Hayley, disposta a descobrir se Jeff é ou não um pedófilo, através de uma longa sessão de torturas que lhe renderiam o prêmio de "melhor vilã juvenil do cinema". Além de articulada - quase uma Gilmore Girl diabólica - Hayley é extremamente criativa em seu plano, o que pode divertir a alguns mas desanimar quem estava esperando algo mais verosssímil. Estranha também é a aparição relâmpago de Sandra Oh (Greys Anatomy), no papel da vizinha de Jeff. Além do dono da cafeteria, ela é única personagem a dividir a tela com os dois protagonistas, mas sua participação é irrelevante, tornando seu nome do cartaz um mero chamariz para os fãs da atriz.
A direção soberba do novato David Slade sobrepõe os buracos do roteiro de Brian Nelson, mas não há como esconder o fato de que o filme não se propõe em momento algum a discutir a polêmica que levantou. Não há espaço para discussão, o que vale aqui é o show de horror promovido por Hayley. E lá pelo meio do filme até o fato de Jeff merecer ou não o castigo deixa de ser importante - que venha a próxima tortura.
Ellen Page aproveita para se consagrar na tela - se em X-Men: O confronto final (2006) ela já havia roubado a cena como a mutante Kitty Pryde, em Menina Má.com ela deixa de ser a protagonista para se tornar o próprio filme, reinando absoluta. Vai ser interessante acompanhar sua carreira nos próximos anos e ver seu potencial desabrochar. Seu próximo trabalho será em An American Crime, novo filme sobre torturas hediondas ocorridas nos EUA em 1965, dessa vez no papel da vítima.