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Crítica

Meu Passado me Condena 2 | Crítica

Uma continuação turística

02.07.2015, às 11H11.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 23H02

Fábio Porchat e Miá Melo voltam a interpretar os personagens com seus nomes verdadeiros em Meu Passado me Condena 2, dirigidos por Julia Rezende, assim como na série e no filme anterior. A continuação se passa após três anos de casamento, quando, cansada da falta de responsabilidade de Fábio, Miá pede o divórcio.

Ao receber uma ligação de Portugal, Fábio diz que sua avó morreu e que ele precisa ir à Europa para o velório, convencendo a esposa a fazer essa última viagem na tentativa de reconquistá-la. No vilarejo, Fábio reencontra dois personagens de sua infância: Ritinha, uma antiga namorada, e Álvaro (Ricardo Pereira, conhecido como O Português da Globo). Como era de se esperar, Fábio se engraça para o lado de Ritinha e Miá passa a olhar para o português macho alfa.

Coincidência providencial, Wilson e Suzana (Marcelo Valle e Inês Viana) também estarão dando golpes em Portugal enquanto Rafael Queiroga, o Cabeça, aguarda seu momento de viver um bromance com Porchat em uma subviagem da viagem. O filme busca encantar o público com paisagens bonitas e uma trilha sonora que é empolgante mas as coisas não dialogam tão bem entre si.

Assim como um telefone sem fio, a fórmula de Rezende sofre pequenas modificações, mas segue os mesmos passo do primeiro filme, inclusive na tentativa de levar o romance de Fábio e Miá a sério. Acontece que Porchat tem mais química com a Judith (Juuuudiiiiitii, da famosa esquete do Porta dos Fundos) e o desenvolvimento da crise do casal no desenrolar do filme só faz convencer que aqueles dois personagens nunca darão certo juntos.

Em meio à competição Fábio vs Álvaro, Rezende coloca o português boa-pinta como o machista à moda antiga, enquanto posiciona Fábio como o homem infantil e sensível que seria o oposto. Mas no fundo, Fábio se mostra um "machista moderno", que apesar de acreditar que as contas têm de ser divididas joga toda a responsabilidade das tarefas domésticas nas costas de Miá, e, quando ela cobra sua ajuda, ele a vê como uma chata, e suas reclamações seriam não só seu maior defeito mas a principal causa da crise.

Se a parte do romance é basicamente nula, a comédia fica a cargo de Porchat e dos dois trapaceiros. Apesar de repetitivo, ainda há graça no jeito Porchat de falar, emendando uma palavra na outra, comendo sílabas, abusando do dicionário oficial de frases feitas das tias brasileiras. Ele faz o público se identificar com as expectativas de uma viagem à Europa, com frases como “aqui faz um frio... se pega uma gripe, quero ver comprar antibiótico sem receita”.

Já Miá, com sua fala pausada de fonoaudióloga, pontuando ênfases com expressões faciais teatrais, faz o contraponto, mas o arco de sua personagem não ajuda muito. Na prática, Meu Passado me Condena 2 abusa das indas e vindas e o longa se torna um ciclo infinito de "está tudo bem - está tudo acabado - vou atrás dela(e) - está tudo bem...".

Surpreendente é a declaração da diretora que diz ter tido a intenção de fazer uma comédia romântica que tenha de fato romance e que procurou trazer ao público "elementos novos, personagens novos e colocá-los numa situação que seja inédita para o espectador". Meu Passado me Condena 2 não entrega de fato nenhuma dessas promessas.

Nota do Crítico
Ruim