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Na Terra de Amor e Ódio | Crítica

Em sua estreia como diretora e roteirista, Angelina Jolie segue o caminho do cinema panfletário

06.12.2012, às 19H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H24

Em um determinado momento de Na Terra de Amor e Ódio (In The Land of Blood and Honey, 2011), um personagem questiona os motivos da presença da Organização das Nações Unidas em seu país em conflito, a Bósnia. "Eles não nos entendem, o que querem aqui?", pergunta. Curiosamente, a mesma frase pode ser aplicada à estreia como diretora da atriz e celebridade Angelina Jolie, que também escreveu o roteiro.

Na Terra de Amor e Ódio

Na trama, durante a guerra entre bósnios e sérvios, a maior e mais sangrenta ocorrida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial - de 1992 a 1995 -, Danijel (Goran Kostic), um soldado sérvio, reencontra Ajla (Zana Marjanovic), uma pintora muçulmana bósnia. Os dois estavam começando a se conhecer quando o conflito explodiu. Em meio à devastação e atrocidades, eles retomam a afinidade, ainda que sejam captor e prisioneira e estejam de lados opostos em todos os níveis possíveis na guerra. O veterano Rade Serbedzija (24 Horas), nascido na Croácia e de etnia sérvia, faz o pai do protagonista.

Embaixadora da Agência da ONU para Refugiados, Jolie usa de todo seu arsenal liberal no filme. O resultado é tão panfletário quanto esperado. A necessidade em repetir cenas de estupros e o tratamento das muçulmanas pelos sérvios busca uma mistura de cinema vérité com pregação/denúncia disfarçada com uma história de amor (?) que pouco tem a dizer sobre os personagens envolvidos.

A diretora estreante demonstra sua falta de experiência na condução da edição, frequentemente desencontrada e com quebras de ângulos, e na opção, um tanto covarde, de retratar uma cultura e seu drama recente em inglês  e não no idioma local (ela fez duas versões do filme) - para o lançamento nos EUA. Isso tira parte da credibilidade do longa, já que não esconde que a produção é uma espécie de angariadora de fundos para as causas defendidas pela celebridade Jolie, e não um retrato desejoso de encarar - e sujar as mãos - em todos os complexos meandros políticos e sociais da região.

A favor da diretora e roteirista está sua confiança. Jolie poderia ter iniciado sua carreira com um projeto mais simples, ao alcance de sua atual experiência. Mas ela optou por tratar de um problema que a preocupa - e distanciou-se totalmente dos holofotes nele, definindo muito bem as prioridades do filme. Ela pode ser uma estrangeira dando sua visão de um conflito que não é seu, mas ao menos o fez com a entrega esperada.

Na Terra de Amor e Ódio | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular