Não é raro se deparar com um trailer apresentando um filme que, pela sua introdução, parece ser mais um daqueles sem sal. Um filme que tenta mostrar alguma reflexão sobre a vida e se apoia em nomes de peso do elenco para chamar a atenção do público. Não Olhe Para Trás (Danny Collins, 2015), produção do estreante Dan Folgeman, mais conhecido pelos roteiros de Última Viagem a Vegas e Amor a Toda Prova, poderia ser mais um desses, mas há uma diferença marcante: ele consegue cativar.
O longa é baseado na história de Steve Wilson, um músico folk famoso por dar uma entrevista dizendo que o dinheiro pode influenciar o jeito de compor canções. Suas declarações chamaram a atenção de John Lennon, que escreveu uma carta-resposta contrariando o jovem. Na trama, Wilson é Danny Collins (Al Pacino), um astro que vive de sucessos do passado e recebe a carta de Lennon pelas mãos do seu empresário (Christopher Plummer). A partir daí, ele entra em uma crise existencial e questiona seu papel como músico e ser humano.
Pacino esbanja carisma com uma atuação sem exageros de um astro que se vendeu para a indústria, seguindo em busca de redenção para reecontrar seus valores. Danny larga as drogas, sua jovem esposa e uma vida de luxo para passar uma temporada hospedado em Nova Jersey, onde planeja compôr novas canções após 30 anos. No meio disso, ele tenta uma aproximação com filho que nunca conheceu (Bobby Cannavale).
Com um elenco de apoio entrosado, formado por Mary (Annette Bening) e os jovens Jamie (Melissa Benoist) e Nicky (Josh Peck), além da nora, Samantha (Jennifer Garner), o longa mostra com naturalidade as situações e dificuldades encontradas por Danny para se reencontrar. No final, Não Olhe Para Trás nos ensina que dinheiro não compra redenção, mas que atitudes e demonstrações de afeto podem salvar até o mais frio dos seres humanos.