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Crítica

O Caçador e a Rainha do Gelo | Crítica

Continuação de Branca de Neve e o Caçador não consegue dar unidade à sua variedade de ideias

21.04.2016, às 00H08.

Talvez seja incentivado pelo sucesso da nova onda de contos de fadas animados da Disney, como Frozen, ou de séries de TV desse gênero, como Once Upon a Time, mas o fato é que a Universal não tem vergonha de assumir as facetas mais cafonas, fantasiosas e novelescas das histórias de cavalaria em O Caçador e a Rainha do Gelo (The Huntsman: Winter's War, 2016), misto de prelúdio e continuação de Branca de Neve e o Caçador,

Cedric Nicolas-Troyan, especialista em efeitos do filme de 2012 estrelado por Kristen Stewart, faz aqui a sua estreia como diretor de longas-metragens. A atriz não reaparece, e seu lugar feminino de destaque é substituído não apenas por uma nova heroína (Jessica Chastain, flertando meio timidamente com os blockbusters) mas também por uma vilã para fazer par à bruxa má Ravenna (Charlize Theron), a tal Rainha do Gelo, vivida por uma Emily Blunt à vontade nos trejeitos de largo alcance que esse gênero mais teatral permite.

Na trama, o caçador Eric (Chris Hemsworth) tem sua origem contada, e ao mesmo tempo precisa impedir, anos depois da derrota de Ravenna, que o espelho mágico caia em mãos erradas. Hemsworth parece atuar como um Errol Flynn moderno, à base do seu sorriso, e visivelmente é a peça estranha nesse arranjo de O Caçador e a Rainha do Gelo, que trata não apenas de temas femininos fortes (maternidade, a obsessão da juventude), com um elenco principal de mulheres (até as anãs dominam a cena entre os alívios cômicos), como também tem um olhar mais aguçado para elementos normalmente associados com a sensibilidade das mulheres, da cenografia e os figurinos à direção de arte.

É uma pena que O Caçador e a Rainha do Gelo não consiga canalizar essas questões numa unidade capaz de dar ao filme uma consistência maior. Elementos parecem dispostos em cena com liberdade mas sem propósito, e com frequência fica a impressão de que assistimos a um filme de fantasia de matinê dos anos 1980 (época em que o gênero passou por um dos seus auges em termos quantitativos em Hollywood), cheios de ideias e que dominam a arte de criar maquiagens e figurinos e paisagens atordoantes, sem que isso necessariamente transmita uma visão de mundo, de autor. O resultado beira o guilty pleasure, mas não por isso deixa de ter seus momentos prazerosos.

Nota do Crítico
Regular