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O Ditador | Crítica

Depois de dois filmes sobre assimilar os EUA, Sacha Baron Cohen termina assimilado por Hollywood

23.08.2012, às 19H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Quantas vezes Sacha Baron Cohen ainda vai invadir os EUA até perceber que já não é mais um estranho no ninho?

o ditador

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O Ditador(The Dictator) repete não só a parceria do ator com o diretor de BrünoBorat, Larry Charles, como recicla a premissa desses dois filmes anteriores: uma figura excêntrica do outro lado do Atlântico chega aos Estados Unidos e perde-se nos excessos do capitalismo e da cultura de massa, para depois se reinventar assimilando as hipocrisias do discurso americano.

Desta vez o estereótipo satirizado é o do ditador espalhafatoso de países árabes, como Muammar Kadafi. Cohen interpreta o Almirante-general Aladeen, regente da República de Wadiya, que em visita à ONU em Nova York para explicar seus testes nucleares acaba sequestrado - e barbeado. Sem seu visual característico, ele assiste ao seu tio traíra Tamir (Ben Kingsley) assumir o poder. Com a ajuda de uma feminista vegetariana do Brooklyn (Anna Faris), por quem se apaixona, Aladeen tenta reconquistar seu trono.

A trama romântica (que apesar de uma ou outra escatologia mais surtada até que é bastante comportada) é o primeiro sinal de que a fórmula de Cohen e Charles já foi assimilada por Hollywood. Sendo o cabo-de-guerra da assimilação - bancar o estranho ingênuo para subverter a rigidez dos códigos estabelecidos - o centro nervoso dos filmes da dupla, fica a impressão de que em O Ditador o feitiço se vira contra os feiticeiros. E como as situações também são mais encenadas do que na época das pegadinhas espontâneas de Borat, é inevitável pensar que o comediante acabou domesticado.

Como caso de estudo, O Ditador se parece com as comédias da segunda metade dos anos 1990 que Lorne Michaels, o criador do Saturday Night Live, produziu no cinema com personagens saídos do humorístico, para tentar reproduzir o sucesso de Quanto Mais Idiota Melhor (1992). O saldo - filmes como Os Estragos de Sábado à Noite (1998) e O Tigrão (2000) - cometiam erros que agora O Ditador repete: acreditar que um personagem cartunesco tem, por si só, a capacidade de se enquadrar numa receita hollywoodiana de cinema sem ver sua força diluída.

O fato de O Ditador fazer piadas constantes com o establishment hollywoodiano - Aladeen tem no quarto um mural com fotos das celebridades com quem transou, sem falar no empresário chinês que coleciona sodomias com galãs - contribui para inflamar essa sensação de que Cohen estacionou no passado. Ele ainda age como se fosse o estrangeiro, mesmo estando hoje plenamente incorporado pela indústria. Até quando?

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Nota do Crítico
Regular