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Crítica

O Espaço Entre Nós | Crítica

Mistura de drama teen com ficção científica não convence com trama enrolada

30.03.2017, às 13H11.
Atualizada em 30.03.2017, ÀS 14H02

O nome do filme O Espaço Entre Nós - com tradução literal do inglês, realmente faz jus a sua premissa: o universo, o espaço sideral, separa dois jovens apaixonados. Gardner (Asa Butterfield) nasceu em Marte e quer vir à Terra para, além de encontrar sua paixão platônica que conheceu pela internet, descobrir mais sobre seu passado.

Na tentativa de misturar de ficção científica com um drama teen à la John Green (de A Culpa é Das Estrelas e Cidades de Papel), o longa falha pois não consegue entregar nenhum dos dois com profundidade. A forma como a trama se desenvolve é pouco crível até mesmo para um sci-fi: uma missão para povoar Marte, iniciada em 2018, conta com uma astronauta grávida (a Nasa, conhecida pelo seu cuidado e precisão, não fez um mísero teste de saúde com a sua funcionária?). O chefe da missão, o engenheiro Nathaniel (Gary Oldman), decide que a criança deverá nascer no espaço e ser mantida em segredo para não comprometer o projeto.

Com a morte da mãe no parto, Gardner, o primeiro humano marciano da história, é criado por cientistas, mas tem em Kendra (Carla Gugino), uma das chefes da estação espacial, sua principal figura materna. Passados dezesseis anos, ele já adolescente tem seus questionamentos, medos e quer ir além do que lhe é imposto. Por isso, convence a todos que chegou a hora de enviá-lo à Terra.

Quando aterrissa por aqui, mais uma dose de incredulidade na trama: o menino, recém-chegado ao novo planeta, foge facilmente das instalações da Nasa, se adapta à nova gravidade e encontra tranquilamente - a pé - a escola de Tulsa (Britt Robertson), sua correspondente da internet.

Ela, que também é órfã e incompreendida, passa a vida em várias casas de famílias diferentes, e encontra no marciano seu porto-seguro. A garota decide então ajudá-lo a entender seu passado e encontrar seu pai, partindo para um road movie cheio de aprendizados e lições de moral. É engraçado que os dois conseguem roubar prontamente por volta de três carros durante o filme e até um avião (!) pequeno, tudo para Gardner não ser encontrado pelos cientistas da Nasa, incluindo Kendra e Nathaniel, e continuar na sua missão.

Com esta narrativa embolada, o longa não convence ao tentar explorar diversas nuances de um roteiro mal construído. O diretor Peter Chelsom, de Dança Comigo?, ao menos consegue entregar belas cenas ao apresentar o planeta Terra para o garoto. Tudo aqui é vívido, como se descobríssemos junto com ele a chuva, a estrada, o sol batendo no rosto...

As cenas no espaço e em Marte também são um ponto positivo, seria muito fácil exagerar na tela verde e perder a mão. Mesmo com U$ 30 milhões, um orçamento modesto para uma ficção científica, tudo foi representado de maneira adequada e a ambientação bem empregada, desde a fotografia, aos cenários.

Com uma história que exige pouco de seus atores, a química do casal principal é essencial para conquistar o público e Butterfield e Robbertson transmitem carisma na tela. Por conta disso, o filme poderá convencer os espectadores mais jovens ou quem está à procura de um filme “Sessão da Tarde”. Porém, mesmo contando com Gary Oldman no elenco, a falta de consistência na trama torna o longa dispensável para quem gostaria de ver algo com mais profundidade.

A combinação entre drama teen, sci-fi e road movie não consegue atingir nenhum dos gêneros em cheio e infelizmente fica no meio do caminho. O marciano que tenta encontrar seu lugar na Terra, dificilmente achará seu espaço na sala de cinema.

Nota do Crítico
Regular