O livro de Deborah Moggach que inspirou o sucesso de bilheteria O Exótico Hotel Marigold não previa continuação, mas o diretor John Madden e o roteirista do primeiro filme, Ol Parker, resolvem dar um "final" à história - não só para lucrar de novo com seu público-alvo mas também para preencher lacunas do primeiro longa.
Partindo do original e analisando o caminho dos personagens em O Exótico Hotel Marigold 2, vemos que, ao chegar na Índia, Evelyn (Judi Dench) encontrou a independência através do trabalho e superou a perda do marido, agora, ela tentará se abrir para um novo amor. Douglas (Bill Nighy) enfrentou uma crise no seu casamento e o divórcio foi a melhor solução para o casal. No segundo longa, ambos divorciados, procuram se apaixonar novamente. Madge (Celia Imrie) queria dar um golpe num ricaço, mas na continuação ela tem de decidir a quem ama de verdade. Norman (Ronald Pickup) era um bon vivant que acabou se apaixonando, e no segundo filme, tem de lutar para conseguir manter o relacionamento.
Além deles, a controladora mãe de Sonny (Lillete Dubey), que teve de aceitar a noiva escolhida pelo filho no primeiro longa, vai se abrir para uma nova paixão. Já os dois novos hóspedes (Richard Gere e Tamsin Greig) se surpreenderão com a Índia conforme encontram - adivinhem? Sim, novos pares românticos. Muriel Donnelly (Maggie Smith) é a única personagem que continua se desdobrando, e muito bem, sem precisar de um status de relacionamento.
Dev Patel retorna mais caricato e exagerado ao seu personagem, Sonny Kapoor. Se ele noivou com a mulher de seus sonhos no original, agora ele está exatamente onde começam as comédias românticas: em um noivado conturbado em que, com o casamento se aproximando, ele se vê enciumado e confuso pela relação da noiva com um charmoso e rico amigo de infância.
Madden deixa as particularidades dos ótimos personagens para assumir que felicidade só é obtida com o encontro da "alma gêmea". O filme foge do seu gênero de comédia dramática e se torna uma comédia romântica com meia dúzia de paixões simultâneas e interligadas.
Com ótimos atores e uma base sólida que fora fundada no primeiro filme, o longa ainda consegue fazer bom uso das piadas de terceira idade. Além disso, o cenário da Índia exótica e cheia de contrastes continua sendo um dos pilares atrativos do longa, e desta vez conta com o reforço estético do casamento hindu e suas tradições.
Se o primeiro filme apresentava um elenco de peso, um cenário bonito, personagens interessantes e boas histórias, a continuação tenta repetir esses pontos fortes, mas a falta de uma boa história desequilibra todo o resto. No fim a sensação não é de reencontrar os velhinhos do Hotel Marigold, mas de ter assistido ao último capítulo da novela Caminho das Índias.