O Impossível (The Impossible, 2012), produção espanhola com Naomi Watts e Ewan McGregor, coloca o público no centro da alardeada tragédia do tsunami asiático ocorrida há oito anos. Era 26 de dezembro de 2004 quando ondas gigantescas varreram do mapa hoteís de luxo e vilas na costa tailandesa.
Clint Eastwood já havia mostrado trechos desse desastre natural em seu Além da Vida, mas aqui acompanhamos o desenrolar completo dos eventos dos primeiros dias através de uma família britânica, do momento em que tocam o solo da Tailândia no avião de turismo até a decolagem dos sobreviventes. A invasão da onda é impressionante, assim como toda a reconstrução da desvastação posterior à passagem. É surpreendente como tudo foi realizado com tamanho realismo.
O Impossivel
O Impossivel
O diretor Juan Antonio Bayona (O Orfanato) prova-se aqui um mestre da manipulação emocional. Tira o som nas horas certas e sobe a música orquestral (violinos e violoncelos, claro!) a seguir, evidenciando a desgraça alheia com toda a pompa que o fim do mundo tem direito. Close-ups momentâneos em feridas abertas, muita sonoplastia agonizante (o som de galhos entrando na carne na correnteza ainda ecoa nos meus ouvidos), gritos sofridos e muitas crianças chorando completam o pacote. O vai-e-vem dos sobreviventes, que se encontram e se perdem a cada três cenas, também trabalha a esse favor, nunca deixando a tensão ir embora - até o último minuto.
Ao final, porém, fica a impressão que estamos vivenciando a tragédia através dos olhos dos privilegiados. Ricos sangram e sofrem como todo mundo, mas a partida do avião da seguradora de luxo, deixando os miseráveis para trás, é um tanto desconfortável. Isso e o fato de que a estrutura de "Melhores Vídeos do Mundo" (aquele programa de TV em que acompanham-se pessoas saindo de situações de perigo) tiram do filme qualquer relevância que não a fetichista da exploração da dor.
The Impossible | Trailer Espanhol | Trailer 2