Filmes

Crítica

O Lugar Onde Tudo Termina | Crítica

Filme feito de ciclos que se fecham não dá segundas chances a ninguém

20.06.2013, às 20H48.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

O Lugar Onde Tudo Termina refaz a parceria entre o ator Ryan Gosling e o diretor Derek Cianfrance imediatamente depois de Namorados Para Sempre, mas já no começo do filme, pelo tom da trilha sonora composta por Mike Patton, percebemos que o drama do longa anterior vai dar lugar ao suspense.

o lugar onde tudo termina

o lugar onde tudo termina

Inicialmente o reencontro do motoqueiro Luke (Ryan Gosling) com a garçonete Romina (Eva Mendes) tem aquele mesmo clima de intimidade e de coisas não ditas que o trabalho anterior de Cianfrance construia, inspirado pelos casais em desarranjo que pareciam, nos filmes de John Cassavetes, carregar nas costas o peso do mundo. Ao rever Romina, Luke descobre que tem um filho recém-nascido - é peso suficiente para tirar o protagonista do rumo.

Caminhos que se tomam na vida e ciclos que se fecham, num movimento sempre contínuo e sem retorno, são os temas de O Lugar Onde Tudo Termina, como já sugere a imagem que abre o filme, a apresentação do motoqueiro num globo da morte num circo. Luke gira em círculos antes de rever Romina, como se procurasse sempre na vida onde estacionar, e, depois de saber que é pai, resolve acelerar com sua moto numa floresta - ação que a câmera de Cianfrance registra com frenesi como metáfora da confusão mental do personagem.

Estradas são percorridas ao longo das duas horas e meia de filme, e 15 anos se passam entre o reencontro do casal, que provocará uma perseguição envolvendo um policial novato (Bradley Cooper), e os reflexos desse reencontro na vida de outras pessoas. Contar mais sobre a trama é desnecessário - tudo no filme remete ao princípio.

...O que acaba tornando O Lugar Onde Tudo Termina um filme bastante previsível, já que as viradas da trama (dá pra antever que certos personagens vão se cruzar no futuro e acertar contas ancestrais) seguem uma lógica fatalista. Na primeira hora, o ritmo que Cianfrance impõe ao filme é bastante envolvente, acelerando a narrativa para sugerir que não há outro momento, senão o agora, para cada personagem tomar uma decisão. Quando a estratégia (e os simbolismos) se esgota, restam tipos sufocados pela predestinação.

O Lugar Onde Tudo Termina não chega a ser um Crash - No Limite, um discurso moralista sobre hipocrisia que não dá a seus personagens nenhuma chance de tomar suas próprias decisões. Está, porém, mais longe daquele promissor flerte de Cianfrance com o cinema de Cassavetes, porque embora os heróis do dia a dia em Cassavetes parecessem sempre fadados ao fracasso, a vida não lhes negava o prazer de viajar à deriva.

O Lugar onde Tudo Termina | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular