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Atlantis - O Reino Perdido | Crítica

O reino está perdido?

29.06.2001, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 23H03

A Disney realmente não é mais a mesma. Aquela época em que seus lançamentos de meio do ano (verão lá nos Estados Unidos) eram sucesso absoluto parece ser coisa do passado.

Atlantis - O Reino Perdido abriu sua temporada ianque no mesmo fim de semana que Tomb Raider e por isso não conseguiu a liderança nas bilheterias. Apesar de figurar em segundo lugar, as cifras não foram das mais animadoras. O desenho da Disney arrecadou menos da metade do que o filme baseado na musa dos videogames (20, 4 milhões de dólares contra 48,2). Pior que isso, desde Hércules (1997), que uma estréia de verão da casa do Mickey não começava tão mal. E para tirar de vez o sono dos engravatados da Disney, Shrek, da concorrente Dreamworks conseguiu na mesma semana transpor a barreira dos 200 milhões de dólares e se tornar o filme mais assistido do ano.

Se você chegou até aqui, deve estar pensando: "só falta este cara dizer que o filme é ruim". Então tá, não vou dizer. E não é mesmo. Atlantis tem o selo de qualidade da Disney, logo, tem lá as suas qualidades. A principal delas é a arte. Os fãs de histórias em quadrinhos vão entender ao ler este nome: Mike Mignola. Para quem não conhece (e isso não é nenhum pecado), Mignola é famoso principalmente pelo seu personagem Hellboy, um detetive místico vindo do inferno. Seu traço é facilmente reconhecido e foi utilizado como influência para a equipe de desenhistas. O próprio Mignola acabou trabalhando apenas como consultor de design, além de fazer alguns esboços para cenários, como a belíssima Atlantis, por exemplo.

Polêmica

Por falar em influência, a Disney acabou se envolvendo mais uma vez numa enrascada. Como já aconteceu com O Rei Leão, seu maior sucesso, os japoneses estão dizendo aos sete ventos que Atlantis é plagiado de uma série chamada Nadia. Há páginas na internet que colocam lado a lado imagens do filme da Disney e do anime da década de 90.

Acompanhe: em ambas as histórias há um jovem magrelo, com estilo de nerd, que usa óculos grandes e redondos e gravata borboleta vermelha. Ele acaba encontrando uma mercenária que o leva até um submarino com tripulação dos mais diferentes países. O destino final é Atlantis, a civilização que um dia já foi a mais moderna do mundo. Falar mais que isso é estragar as histórias. Confira uma matéria especial sobre isso de um site parceiro nosso, a Revista 2K.

Kirk Wise, diretor de Atlantis, respondeu às acusações dos inúmeros sites de aficcionados em animações dizendo que "nunca tinha ouvido falar de Nadia até muito tempo depois do filme ter sido concluído". Plágio&qt& Coincidência&qt& Difícil dizer.

E se Atlantis, e conseqüentemente a Disney, não conseguiram o mesmo sucesso de outros carnavais, pelo menos nos restam dois pontos positivos:

1. Não tem aquela chatice de gente cantando;

2. Monstros S.A. vem aí no fim do ano e este promete pelo menos ser tão divertido quanto Shrek.

Atlantis - O Reino Perdido (BVI)
Atlantis - The Lost Empire. EUA, 2001. Dir. Gary Trousdale, Kirk Wise. Com vozes originais de Michael J Fox, James Garner, Claudia Christian, Leonard Nimoy, Jim Varney. Versão brasileira: Camila Pitanga, Maitê Proença, Deborah Blando. Duração: 01h41