Pautado pela febre de filmes de terror com visual documental e baixo orçamento, O Último Exorcismo foi uma das sensações de 2010. O bom desempenho nas bilheterias trouxe uma inevitável sequência que sequer consegue trazer o suspiro de originalidade do anterior. O Último Exorcismo - Parte 2 é um desfile de sustos previsíveis, com um desfecho tão ridículo quanto as ações de seu vilão: um demônio pré-adolescente ciumento e viciado em aparelhos eletrônicos.
ultimo-exorcismo
Abalam, entidade que também antagonizou o primeiro filme, volta no auge da puberdade. Não há um dia sequer que ele deixe de ligar para Nell (Ashley Bell), a garota que precisa ser possuída mais uma vez - seja lá qual for o motivo. A insistência do jovem demônio não se limita às ligações e passa também por TVs, rádios, smartphones, YouTube e até algumas pedrinhas na janela no meio da madrugada. Romântico que só ele.
A trama sequência começa dias após os acontecimentos que encerraram o primeiro filme. Nell é encontrada em estado catatônico nos arredores de Nova Orleans e encaminhada para uma casa de recuperação de garotas com problemas psicológicos. Com a ajuda de um psicólogo, um emprego e novas amizades, a moça tenta esquecer os traumas causados pela possessão vista no longa anterior.
Todo este novo ensejo é dirigido pelo Ed Gass-Donnelly, que não economiza nos efeitos sonoros e planos subjetivos para dar um ar de suspense barato ao longa. Junto com os estouros de áudio vêm, naturalmente, alguns pulos da poltrona que ao invés de causarem terror, soam apenas sustos gratuitos. Por não explorar o passado ou desenvolver um lado mais comum da protagonista, o roteiro acaba definindo Nell como um simples corpo prestes a ser possuído - a revolta parece apenas uma mera resistência a algo inevitável; sem deixar razão para se envolver com a história da garota.
Neste caso, a falta de carisma da personagem não é imposta pela intérprete. Desde o primeiro filme, Bell já havia demonstrado algum talento, com habilidade para demonstrar uma garota inocente e ingênua com um histórico misterioso. Desta vez, não há contexto para uma interpretação que não se limite aos inúmeros chiliques que precisa fazer ao ser abordada por alguém. O mesmo não se pode falar do elenco de apoio, composto basicamente por estereótipos comuns em filmes de terror: a feiticeira pagã, o médico cético e o padre salvador - com direito a tatuagens no estilo Constantine, diga-se.
O Último Exorcismo - Parte 2, por incrível que pareça, não é uma sequência desnecessária. Há potencial suficiente no filme original para a criação de um novo longa. No entanto, os vestígios de originalidade do antecessor são sublimados por clichês de gênero incutidos na pele de um demônio apenas irritante.