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Operação Sombra: Jack Ryan | Crítica

Sobra ação e falta a tensão dos bons filmes de espionagem

06.02.2014, às 21H02.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Em 2 de outubro de 2013 morria o escritor Tom Clancy. Para a cultura pop, a perda foi grande. Além de criar games como Splinter Cell, Rainbow Six e o ainda inédito The Division, ele é o autor que deu vida ao espião Jack Ryan em romances que viraram filmes. Ao todo, foram quatro longas-metragens estrelados por três atores diferentes: Alec Baldwin (Caçada ao Outubro Vermelho), Harrison Ford (Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato) e Ben Affleck (A Soma de Todos os Medos).

Operação Sombra: Jack Ryan

Operação Sombra: Jack Ryan

Operação Sombra: Jack Ryan

Operação Sombra: Jack Ryan

Clancy não viveu o suficiente para assistir à primeira aventura de seu mais famoso personagem nas mãos de outras pessoas. Operação Sombra: Jack Ryan (Jack Ryan: Shadow Recruit, 2013) tem roteiro do estreante Adam Cozad e do veterano David Koepp (O Parque dos Dinossauros, Homem-Aranha, O Quarto do Pânico), direção de Kenneth Branagh (Thor) e apresenta Chris Pine (Star Trek) com o quarto Jack Ryan.

A ideia aqui é pegar o universo criado por Clancy e trazê-lo para o mundo atual, em que celulares são mais potentes do que os computadores usados nas primeiras aventuras do agente da CIA. É o chamado reboot. Por isso, você que já leu todos os livros, assistiu inúmeras vezes aos filmes anteriores e estava acostumado a ver Ryan como um sujeito casado, não estranhe o fato dele aparecer aqui solteiro, veterano da ação estadunidense no Afeganistão pós 11 de Setembro, e sendo apresentado à Cathy Muller (Keira Knightley), médica residente. O que Hollywood quer aqui é apresentar novamente o personagem a uma nova geração, começando desde o início.

Com Ben Affleck a ideia também era esta, mas não foi para frente. Na época, A Soma de Todos os Medos teve custo estimado de 68 milhões de dólares e fez 118 milhões nos EUA e outros 75 milhões no resto do globo, somando quase 200 milhões de dólares. Operação Sombra, com orçamento na casa dos 60 milhões de dólares, tem os piores números da franquia até agora. Passadas quase três semanas da estreia em solo norte-americano, faturou apenas 40 milhões. No resto do mundo está indo um pouco melhor: até o momento foram 60 milhões.

Terrorismo financeiro

Ao contrário do que vinha sendo feito recentemente dentro do gênero de suspense de espionagem , Operação Sombra decidiu não ambientar suas ações na Guerra ao Terror e a disputa entre ocidente e oriente. Numa espécie de volta à origem, o principal inimigo continua em Moscou, como nos tempos da Guerra Fria, porém a disputa agora acontece nos sistemas bancários e no terrorismo financeiro, que pode abalar o mundo inteiro sem derramar uma gota de sangue. Mas não se engane, o vilão personificado pelo próprio diretor Kenneth Branagh não vai poupar esforços físicos para alcançar seus objetivos.

Além do ótimo personagem de Branagh, que usa diversos truques para encobrir as dublagens de seus diálogos feitos em russo, é muito bom ver também a volta de Kevin Costner no papel do mentor de Jack Ryan. Pyne, que despontou interpretando outro papel icônico - o Capitão Kirk de Star Trek -, faz a sua parte sem comprometer, mas também sem brilhar muito. E, na verdade, este é o resumo também da trama de Operação Sombra. O filme empolga em alguns momentos (como na briga do banheiro), mas é linear e maniqueísta demais. Sobra ação e falta no filme aquela tensão das subtramas que podem virar tudo de ponta cabeça a qualquer momento. Ou será que há no roteiro de Cozad e Koepp espaço para que estas reviravoltas aconteçam nos próximos capítulos da franquia?

Se for este o plano, é melhor Jack Ryan usar os quinquilhões de dólares usados pelos russos para melhorar sua performance nas bilheterias. Do jeito que está é mais provável que sua história pare por aqui novamente. Pelo menos até o próximo reboot.

Nota do Crítico
Bom