Filmes

Crítica

Orgulho e Preconceito e Zumbis | Crítica

Faltou capricho para a paródia dar certo

25.02.2016, às 22H55.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Ao se deparar com Orgulho e Preconceito e Zumbis, a primeira impressão é de estranheza, principalmente para quem não conhece a história. A clássica história de Jane Austen que mostra uma família do interior da Inglaterra lidando com problemas relacionados à educação, cultura e costumes, aqui se torna um combate engraçado entre humanos e zumbis.

O preconceito e a luta de classes permanece, mas não há como levar muita coisa a sério quando o primeiro zumbi aparece com uma bolha de catarro gigante no nariz. Enquanto aposta neste humor escatológico, que assusta e faz rir pelas situações absurdas e nojentas, Orgulho agrada com uma mescla do humor inglês com piadas escrachadas ao estilo das paródias de Hollywood. Matt Smith, ex-Doctor Who, é o expoente da veia cômica do longa. Pastor preconceituoso e afetado, o personagem serve não como o palhaço, mas também como símbolo da repressão da época.

A história é centrada em Lizzy (Lily James), uma jovem que vive com suas quatro irmãs e pais em um vilarejo inglês - as cinco foram treinadas desde pequenas para matar os mortos-vivos que assolam o país. Em um baile, ela conhece Darcy (Sam Riley), um caçador de zumbis sisudo e focado no trabalho. Conforme o romance de Austen, os dois se desgostam no início, mas criam uma relação de amor e ódio ao longo do filme.

A construção da história dos dois corre bem e consegue criar uma relação verossimil entre duas pessoas com espíritos completamente diferentes. Riley está impecável no papel do lorde inglês austero e preconceituoso. O timing cômico do ator supreende. O problema do filme reside no elenco de apoio, tirando Smith, e nos antagonistas. Jack Huston, o Mr. Wickham, é o cara que entrega as reviravoltas do roteiro pela canastrice da atuação, mesmo que o personagem necessite de uma veia cômica. O mesmo acontece com a heroína interpretada por Lena Headey.

Outro fator que desfavorece Orgulho e Preconceito e Zumbis são os efeitos visuais. Com pouquíssimas tomadas aéreas, o filme tenta mostrar uma Inglaterra assolada por zumbis, mas não consegue passar essa sensação pelas cenas curtas e cheias CGI de baixa qualidade. Quando os mortos vivos correm ou qualquer sequência de ação se apresenta, fica claro que o filme sofreu problemas na pós-produção - nota-se a mistura de uma boa maquiagem com bonecos digitais dignos de um jogo de PlayStation 3.

Sem esse apoio de qualidade, seja ele em computação ou atuação, fica difícil criar uma atmosfera que reflita a luta de classes e a crítica proposta pela paródia. Tirando o roteiro falho e os efeitos de segundo escalão, Orgulho é uma comédia honesta que tem seus bons momentos e divertirá quem se despedir de preconceitos ao se deparar com esta inusitada proposta.

Nota do Crítico
Regular