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Crítica

A Origem dos Guardiões | Crítica

Técnica impecável, uma boa história e o provável surgimento de uma nova franquia

30.11.2012, às 01H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Quando Avatar chegou aos cinemas, muita gente o criticou por ser "mais do mesmo". O que essas pessoas não viam era que a fórmula podia ser bem conhecida, mas estava tão bem empregada e embalada em um cenário tão inovador, que tudo o que a história precisava fazer era apenas levar o espectador para aquela viagem - o que fazia com primor. A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians, 2012)) tem muitas destas características. Os personagens, por exemplo, são velhos conhecidos (Papai Noel, Coelho da Páscoa, Fada dos Dentes e Sandman), mas com algumas mudanças: o Papai Noel está todo tatuado e carrega enormes espadas, o Coelhinho da Páscoa tem 1,85m e atira bumerangues, a Fada dos Dentes balança suas asas e espalha charme por todos os lados e o fofíssimo Sandman é um gorduchinho que não fala, mas se expressa usando desenhos.

A Origem dos Guardiões

A Origem dos Guardiões

A Origem dos Guardiões

Este cenário foi criado pelo escritor William Joyce (ganhador do Oscar 2012 de Melhor Curta-Metragem em Animação por The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, que ele escreveu e dirigiu) em sua franquia de livros "Guardians of Childhood" (Guardiões da Infância). A boa notícia é que mesmo os que já conhecem a série literária vão ser surpreendidos com a história, que se baseia neste universo, mas o expande, buscando novas situações para os personagens. A trama começa 300 anos depois da última aventura dos livros e mostra Jack Frost sendo escolhido pelo Homem na Lua para se tornar um Guardião e assim ajudar a acabar com o novo plano do Breu, o Bicho Papão.

Porém, Jack Frost é uma espécie de Wolverine dentro deste mundo e prefere trabalhar sozinho. A sua cerimônia de entrada para a super-equipe tem sequências engraçadas (como os elfos tocando trombetas) e outras mais dramáticas (como a hora que o bom velhinho mostra a Jack que ele precisa descobrir qual a sua missão, o seu centro). Toda a trama é muito bem amarrada e gira em torno da crença das crianças nestes seres fantásticos. A partir do momento que elas deixam de acreditar estes seres mágicos vão ficando mais fracos. É este o plano do Breu para desestabilizar o grupo e o mundo, deixando tudo sombrio.

A criação do universo 3D

A neve de Jack Frost, a areia de sonhos do Sandman, os papeizinhos picados que caem da oficina do Papai Noel, enfim todo o universo foi pensado para levar o público para dentro da tela com um 3D que se recusa a ficar apenas jogando coisas na cara do espectador. Outro ótimo exemplo de utilização técnica da mídia são os efeitos surround de som, que ajudam o vilão a confundir Jack entre as sombras de seu esconderijo. São detalhes que podem passar despercebidos, mas fazem toda a diferença, assim como a contextualização de um efeito natural como a aurora boreal, que vira uma espécie de "batsinal" que convoca os Guardiões.

Após ver tanto a versão original quanto a dublada em português dá para dizer que um Jude Law chama a atenção como o Pitch (Breu), o sotaque australiano de Hugh Jackman é metade da graça do Coelhinho da Páscoa e Alec Baldwin é um ótimo Papai Noel, mas a versão brasileira acerta justamente na sua discrição, ao não tentar chamar mais atenção do que os personagens que estão na tela.

A Origem dos Guardiões pode não ter um arco tão inovador quanto o universo em que está inserido, mas sabe muito bem como divertir o seu público. Prova disso é que já tem gente por aí chamando o filme de Os Vingadores do maternal - e acho que não dava para receber elogio melhor do que este em 2012.

Entrevista com Peter Ramsey (diretor)

Entrevista exclusiva com Guillermo del Toro (produtor executivo):

Nota do Crítico
Ótimo