Owen Wilson e Vince Vaughn conquistaram as bilheterias em 2005 com a comédia Penetras Bons de Bico. Sete anos depois, Os Estagiários (The Internship, 2013) tenta repetir a fórmula de sucesso, colocando ambos para mais uma rodada de diálogos rápidos, muita química e improviso.
Os Estagiários
Os Estagiários
A trama os acompanha como vendedores encarando a triste realidade de um país em recessão. Sem habilidades além de sua lábia, os dois são mandados embora de seus empregos como distribuidores de relógios de luxo e precisam se reinventar - decidem ingressar em um dos mais difíceis e concorridos programas de estágios, o do Google. Em seu caminho, porém, além das limitações óbvias, está um grupo de jovens brilhantes e ambiciosos. Cabe aos dois buscar uma aliança com os nerds mais nerds entre os nerds todos para tentar vencer e obter as cobiçadas vagas de emprego no Vale do Silício.
Diferente do longa anterior, porém, este economiza no tom adulto e aposta na abrangência familiar. Trata-se, afinal, do maior merchandising que o cinema já viu.
A corporação Google, a mais desejada por todos os.jovens que trabalham.com tecnologia, é central à trama e apoiou toda a produção. No caso dos merchans, issos ignifica não apenas algum aporte de capital, mas também uma extensa lista de "do's" and "dont's" que certamente deve ter amputado do filme muita de sua acidez ou espontaneidade. O Google precisa manter sua imagem, afinal - e para o estúdio, não é sábio morder a mão que alimenta. Mas o resultado é demasiadamente formulaico, insosso e criado para agradar.
As piadas entre analógico e digital e as referências aos anos 1980 ficam velhas rápido e o filme não sabe extrair o humor do parque de diversões que é o Google, insistindo no que parecem ser piadas internas da empresa. E pontua tudo isso com comédia física e exageros fora de contexto, como na visita à casa de strip tease. Fica confusa a intenção dos realizadores. Seria a de um Porky's light para a geração YouTube ou um novo A Vingança dos (mais) Nerds? De qualquer maneira, a sátira aos quarentões que não sabem o que é um aplicativo é simplesmente datada demais.
Independente das limitações do texto, Wilson e Vaughn saem-se bem, como esperado. A química e os diálogos rápidos estão ali. Mas o subtexto da empresa de tecnologia salvando a economia através da criatividade e felicidade de seus funcionários é inocente demais em tempos de recessão econômica. Não é por acaso que o público dos EUA ignorou por completo o filme. Enquanto assistentes sociais, revistas e consultores clamam por reciclagem - e pessoas perdem seus empregos para posições do outro lado do planeta - Os Estagiários insinua que charme, perseverança e uma boa dose de decoreba são a chave para todos os problemas. Quem precisa de reciclagem quando o trabalho duro, mas sem esquecer a diversão entre amigos, é a tônica que lhe garantirá uma posição no finado Sonho Americano?
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