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Crítica

Crítica: Os Sem-Floresta

Os sem-floresta

06.07.2006, às 00H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 13H08

2006 é mais um ano animado no cinema. Já entraram em cartaz A Era do Gelo 2, Selvagem e Carros. Até o fim do ano, a lista de animações (todas digitais) é imensa: Deu a Louca na Chapeuzinho Vermelho , A Casa Monstro, Jonas - Um Intruso no Formigueiro, O Segredos dos Animais, O Bicho Vai Pegar, Por Água Abaixo... Desespero total entre os pais.

Os Sem-Floresta

Os Sem-Floresta

Os Sem-Floresta

Tanta animação só pode significar que Hollywood descobriu uma fórmula. E conferindo A Era do Gelo, Madagascar e todo esse pessoal que concorre com a Pixar - que ainda faz os filmes de melhor qualidade, em todos os sentidos -, parece que existe mesmo uma equação pronta pra montar uma animação de sucesso. Os sem-floresta (Over the hedge), da Dreamworks de Shrek, é mais um exemplo.

Comece criando bichinhos fofinhos para mostrar a destreza dos animadores na criação de pêlo digital. Escolha um personagem principal, que vai aprender uma lição de moral. As melhores seqüências têm que ficar com um personagem secundário, que obrigatoriamente rouba a cena. Jogue cenas de humor físico pelo roteiro, sem se preocupar muito onde elas caem - afinal, as crianças querem ver o bicho caindo e gritando, não estão nem aí pra estrutura. Piadas com puns e arrotos contam pontos. Por fim, faça referências cômicas a filmes clássicos de Hollywood, para entreter os pais.

(Em Os Sem-Floresta, a câmera dá um close no gato que grita STELLAAAAAA!! e um sarigüê - espécie de marsupial bastante comum também aqui no Brasil - às portas da morte sussurra Rosebud.... Tem criança que entende essas referências a Uma rua chamada pecado, de 1951, e Cidadão Kane, de 1941?)

O personagem principal, no caso, é o guaxinim RJ (no original, voz de Bruce Willis), que começa o filme se dando mal ao tentar roubar a comida de um urso. RJ tem o prazo de uma semana para reaver o estoque de salgadinhos e porcarias, ou vira jantar do colega mamífero.

Paralelamente, há um grupinho de animais, liderados pela tartaruga Verne (voz do comediante Garry Shandling no original), que acabou de sair da hibernação e descobriu que durante o inverno sua floresta virou área de preservação dentro de um condomínio fechado.

RJ encontra a turminha e propõe a eles, que precisam começar sua estocagem para o próximo inverno, saquear as casinhas suburbanas da volta - sem contar que está fazendo isso para pagar sua dívida com o urso. É aí que o filme encaixa uma crítica social esperta ao consumismo exagerado nos EUA: os excessos de comida, os carros desnecessariamente gigantes, a obsessão com os padrões do condomínio etc.

Os conflitos são entre Verne e RJ - a tartaruga medrosa quer que os animais continuem buscando sua comida na floresta; RJ conquista-os apresentado o sabor artificial dos salgadinhos - e entre a turma e a perua dona de uma das casas. É ela que contrata um exterminador, que traz armadilhas hipertecnológicas para impedir os bichinhos.

O personagem-secundário-que-rouba-a-cena é um esquilo hiper-hiper-hiperativo, Hammie (no original, voz de Steve Carell). Seu grande momento é também o clímax do filme, quando ele toma uma latinha de energético. Impagável.

Os sem-floresta - que, por sinal, é baseado na tira de jornal Over the Hedge (nome original do filme, além da cerca, que não tem nada a ver com sem-floresta), de Michael Fry e T. Lewis - é uma animação que garante várias boas risadas, mesmo que não fuja da fórmula que dominou a Hollywood animada. Em um ano com tantas opções no cinema, isso pesa muito. Porém, se não houver surpresas nas próximas estréias, os bons personagens e a animação de qualidade fazem dele uma das melhores opções do gênero este ano. STELLAAAAA!!, Rosebud... e Hammie já valem o ingresso.

Nota do Crítico
Bom