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Crítica

Os Três Mosqueteiros | Crítica

Ambientação steampunk e 3D tentam modernizar história clássica

12.10.2011, às 18H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

O início da história você já conhece: um jovem chamado D'Artagnan (Logan Lerman), talentoso espadachim, mas muito cabeça-quente, chega a Paris e logo nas suas primeiras horas na cidade consegue arranjar duelos com três pessoas, Athos (Luke Evans), Portos (Ray Stevenson) e Aramis (Matthew MacFadyen), os Três Mosqueteiros. Depois de um embate em que os quatro se unem para enfrentar os guardas do Cardeal Richelieu (Christoph Waltz em mais um papel de vilão caricato), o grupo está formado e vem a famosa frase "Um Por Todos e Todos Por Um".

Os Três Mosqueteiros

Os Três Mosqueteiros

Os Três Mosqueteiros

Os Três Mosqueteiros

Começam, então, as diferenças - ou heresias, dependendo do ponto de vista. O Rei Luis XIII (Freddie Fox) é um adolescente bobão e mimado, que só pensa em roupas. Sua esposa, a Rainha Anne (Juno Temple) não tem um caso com o Duque de Buckingham (Orlando Bloom) - insinua-se algo nos seus passados, mas agora ela aparentemente só quer ser fiel ao seu rei. Cabe então a Richelieu arquitetar uma forma de Milady (Milla Jovovich mais Pin-up do que nunca) roubar um colar do cofre da Rainha e colocá-lo sob os domínios de Buckingham, traição que levaria França e Inglaterra a uma nova guerra, em que alguém mais experiente - o próprio Richelieu - deveria comandar o país.

Na versão original de Alexandre Dumas, Buckingham e Anne têm um caso e é ela quem dá o colar ao amante, como prova de seu amor, cabendo aos mosqueteiros a tarefa de buscá-lo antes que a guerra comece. Na história de Paul W.S. Anderson, Buckingham é um armamentista que não vê a hora de disparar seus canhões. Apesar disso, há muito menos mortes importantes no filme do que no livro, afinal Anderson está pensando aqui em sua nova franquia (ele já tem Resident Evil indo para o quinto capítulo), como já deixa bem claro o final.

Outra novidade - essa, sim, bem melhor pensada e explorada - é a ambientação steampunk, com armas novas e até mesmo um navio dirigível, que rende uma boa batalha aérea. Mas é só. Tarado por tecnologia e fisgado pelo 3D, Anderson utiliza aqui as câmeras mais modernas que existem, mas não chega a criar algo de novo, apontando uma espada aqui e jogando algumas coisas ali na direção do público, além de criar o senso de profundidade em grandes tomadas. Se funciona no plano aberto, o mesmo não se pode dizer nas inúmeras vezes em que maquetes à la Game of Thrones e mapas são filmados para mostrar a mudança de cenário.

As lutas com espadas, que poderiam ser um diferencial, são pouco exploradas. A melhor delas, a primeira, utiliza câmeras lentas à la 300, mas meio que fica por isso mesmo. Talvez pela dificuldade de filmar tomadas mais longas, com muita coreografia e poucos cortes, o diretor opte mais uma vez em utilizar sua já conhecida megalomania para explodir coisas.

Paul W.S. Anderson não é um mau diretor, ele só não é genial ou inovador. Esforçado e com mania de grandeza, dá para dizer que é um aprendiz de Michael Bay, alguém capaz de fazer um filme que pode divertir muita gente, exceto, desta vez, os descendentes e fãs de Alexandre Dumas.

Nota do Crítico
Regular