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Crítica

Pássaro Branco | Derivado de Extraordinário não surpreende, mas faz bem o básico

O longa agora acompanha Julian, o garoto que foi expulso após praticar bullying contra August

21.11.2024, às 17H28.

Se você assistir ao trailer ou, pelo menos, souber a premissa inicial de Pássaro Branco, provavelmente já consegue desvendar por conta própria detalhes cruciais para o desenvolvimento do filme. Isso faz com que o trabalho do roteirista Mark Bomback, baseado na graphic novel de R.J. Palacio, seja um pouco mais complicado: como comover o público sem o elemento surpresa?

O objetivo pode ser ainda mais difícil de ser alcançado visto que inevitavelmente as comparações com Extraordinário vão surgir. Em Pássaro Branco, acompanhamos os eventos seguintes na vida de Julian Albans (Bryce Gheisar), o garoto que foi expulso da escola após praticar bullying contra August (Jacob Tremblay), o protagonista do filme amado de 2017.

Agora, Julian está tendo dificuldades para se adaptar ao novo colégio e fazer amigos. É neste contexto que a avó dele, Sara Albans (Helen Mirren), chega de Paris para visitá-lo e decide relembrar sua própria história para ensiná-lo sobre a importância da gentileza. A maior parte do filme, então, acompanha a juventude de Sara na Alemanha ocupada pelo nazismo.

Nos primeiros momentos da história, ela é uma garotinha (Ariella Glaser) com uma boa casa, um ótimo convívio com os pais, que tem tudo o que precisa e é popular entre os colegas de escola. Até que, claro, os nazistas invadem sua cidade. Ao fugir, ela é obrigada a se separar da família. Sara, então, é acolhida por Julien Beaumier (Orlando Schwerdt), um garoto manco que costumava ser alvo de bullying de seus colegas e de quem ela nem sabia o nome.

A narração da história vem apenas em momentos estratégicos para que o público não se esqueça de que Helen Mirren ainda é uma das protagonistas do filme, mas nosso maior tempo é gasto nos flashbacks que mostram como Julien e a garotinha constroem um novo mundo para ela dentro do celeiro onde ela se esconde.

Aqui, o diretor Marc Forster (O Pior Vizinho do Mundo) sabe usar as luzes e sombras para incentivar a imaginação e criar cenários lúdicos incentivados pelo medo e solidão da garota. É a criatividade desses momentos entre as crianças que impede o filme de cair na monotonia ao representar o longo tempo, de mais de um ano, em que ela é obrigada a ficar lá dentro.

A novata Ariella Glaser faz um bom trabalho, mas é Orlando Schwerdt quem cativa a audiência a cada ajuda prestada, tanto direta quanto indiretamente, especialmente quando percebemos que a amizade começa a evoluir para um primeiro amor entre eles. Gillian Anderson aparece pouco como a mãe do jovem, mas é tempo o suficiente para também comover o público que sabe que dificilmente uma história neste contexto vai acabar sem mortes.

São especialmente nessas atuações e ligações entre os personagens que Pássaro Branco consegue se sustentar. O filme não traz grandes surpresas e definitivamente não comove tanto quanto seu antecessor, mas tem uma narrativa emocionante com o objetivo simples de ressaltar a importância da gentileza, tanto para Julian, quanto para quem está assistindo.

Nota do Crítico
Bom