Existe a crença na indústria de que mulheres não dão certo como protagonistas em Hollywood fora de dramas e romances. Junte a isso o fato de que as atrizes desse mercado, com raríssimas exceções, não encontram papéis adequados depois de chegarem aos 40 anos, e percebe-se a situação das mulheres no cinema mais consumido no planeta.
professora sem classe
professora sem classe
professora sem classe
Cameron Diaz, que justamente completa essas quatro décadas no ano que vem, parece disposta a quebrar essas barreiras. Só não dá para dizer que Professora Sem Classe (Bad Teacher, 2011) é um "papel adequado". Pelo contrário. É um dos papéis mais incorretos que já deram a uma atriz no cinema recente.
Na comédia de Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg (dupla de The Office), dirigida por Jake Kasdan, Diaz vive uma bela balzaquiana com um problemão de comportamento. Elizabeth vive atrás de jogadores de futebol ("esses malditos agora usam camisinha e as levam com eles depois") e outros milionários em busca da vida fácil de dondoca que acredita que merece. O problema é que seu mais recente golpe foi descoberto e ela tem que voltar a lecionar no extremamente amigável colégio em que detesta trabalhar.
Elizabeth é desagradável, grosseira, trambiqueira, cheia de vícios e culpa seus problemas pelos seios medianos. Se fosse gigantes, um milionário não lhe escaparia. Assim, ela começa a colocar em prática golpes na escola para arrecadar os 10 mil dólares que precisa para seus peitões.
A trama funciona como uma mistura inesperada de Mentes Perigosas com Papai Noel às Avessas. A novidade merece reconhecimento, especialmente pela oportunidade que traz às atrizes que já passaram da fase "gostosa-que-acompanha-o-herói". Melhor ainda é tirar um astro como Justin Timberlake de sua zona de conforto e mostrá-lo como um imbecil, ao mesmo tempo evidenciando coadjuvantes de qualidade, especialmente Lucy Punch (sensacional como a professora camarada Amy) e Phillys Smith (também de The Office).
Mas ainda que Kasdan entregue algumas cenas esteticamente interessantes (Elizabeth dirigindo de ré com o cigarro na boca é um estilo só), as piadas não funcionam - o mínimo esperado de qualquer comédia - sob a sua direção. Sem elas, o comportamento perturbado dos personagens falha em fazer rir e pende ao patético.
A graça poderia ter salvado a pilantra que deveríamos ter adorado, que teria funcionado como uma válvula de escape para as nossas próprias domadas personalidades do cotidiano. Sem ela, a protagonista não passa daquela pessoa insuportável do escritório, de quem todos evitam chegar perto no bebedor. Consequentemente, Elizabeth acaba perdendo terreno em seu próprio filme para os coadjuvantes.
Ao final, não é o excesso de canalhice que incomoda em Professora Sem Classe, mas o que os roteiristas e o diretor escolheram fazer com ele, especialmente sua opção em mantê-lo inalterado do início ao fim. Não há graça em ver uma escrota completa durante 90 minutos. Por mais que seja divertido ver Diaz atuando dessa maneira, a novidade passa rápido.
Assista aos clipes de Professora Sem Classe
Professora Sem Classe | Cinemas e horários