O diretor norueguês Erik Skjoldbjærg ficou conhecido pelo Insônia original, longa refilmado por Christopher Nolan nos EUA. Em Pyromanen ele volta a essas origens de suspense em cidadezinha esquecida, indo fundo na mente de seu protagonista e sua transformação.
O longa começa acompanhando o carro de bombeiros de uma pequena cidade rural na Noruega, no verão de 1981. Com apenas 800 habitantes, Finsland deveria ser pacata e passar anos sem um incêndio. Mas há um incendiário à solta - e não demora para que sejamos apresentados ao jovem Dag, aprendiz de bombeiro e piromaníaco em formação, em atuação estranhíssima e cativante de Trond Nilssen.
Skjoldbjærg é brilhante na forma de retratar a mudança dentro do jovem Dag. O que no início parece como uma maneira de chamar atenção, já que a cada incêndio que ele apaga ao lado de seu pai, cresce a admiração da cidade pela família. Aos poucos, porém, o orgulho vira um prazer sádico - lembrando um pouco o trabalho de Michael Haneke - e os incêndios vão se tornando mais audaciosos. O diretor explora assim, através do garoto, toda a psicologia dos habitantes locais, criando um ambiente tão complexo e interessante quanto visualmente idílico.
Pyromanen é também surpreendentemente rico em valores de produção. Os incêndios são hipnotizantes e absurdamente belos, ampliados pelo design de som, que transforma o barulho do fogo em um lamento em crescendo, que explode em urros de satisfação, refletindo o que está se passando dentro de Dag.