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Qual é Seu Número? | Crítica

Só Anna Faris salva comédia moralista do desastre

13.10.2011, às 20H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Não dá para esperar muito de um filme cuja premissa começa com uma dessas abordagens "científicas" de revistas femininas, como "101 maneiras de conquistar o seu homem" ou "conheça os 13 tipos de orgasmo", assim, de partida você já pode se preparar para o que encontrará em Qual é Seu Número (What's your Number?, 2011).

Qual é seu Número?

Qual é seu Número?

O artigo leviano em questão, da Marie Claire, explora a dúvida que o título do filme entrega: quantos parceiros sexuais você já teve? A análise da revista é que, se uma mulher já fez sexo com 20 homens, provavelmente deixou escapar seu "príncipe encantado" - e vai ficar solteira. Pois é esse justamente o dilema da protagonista, Ally (vivida por Anna Faris), que descobre estar aos 19 parceiros... e prestes a perder suas chances de deixar de ser uma vadia (palavras do filme, não minhas).

Em pleno século 21, categorizar mulheres por conta de sua atividade sexual é um tremendo desserviço. Pior ainda: mais uma vez estabelece-se que a felicidade de alguém está absolutamente relacionada à sua habilidade de localizar e manter um homem. É surpreendente que tamanho retrocesso tenha sido escrito por duas mulheres - Gabrielle Allan e Jennifer Crittenden - a partir do romance de uma terceira, Karyn Bosnak. É como se a Liga das Senhoras de Santana tivesse resolvido atuar no cinema. Moralismo puro.

Felizmente, para a produção, eles contam com Anna Faris. A atriz e comediante, sempre subaproveitada por Hollywood, tem um timing de piadas impecável e faz valer cada segundo em tela - mesmo que o material que tenha à disposição tenha um subtexto execrável como este.

Mas se deixarmos de lado as duvidosas lições de moral, ao menos o desenvolvimento do filme é divertido. Quando Ally decide que não precisa de mais parceiros, mas apenas rever os que já passaram ("homens melhoram com o tempo", garante), há ótimas situações e boas piadas recorrentes. Auxiliando-a está o vizinho Colin (Chris Evans, o Capitão América), um músico desempregado e dínamo sexual que sabe como localizar pessoas e tem seu próprio score de conquistas.

Faris está impagável em algumas dessas sequências, como a cena do ex-namorado britânico. Pena que daí em diante seja tudo tão óbvio, com a redenção da piriguete a ser conquistada e um desfecho como todos os outros já realizados para o gênero. A atriz decididamente precisa de oportunidades melhores.

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Nota do Crítico
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